31.12.11

Dezenas de pessoas detidas na Guiné-Bissau

Existem actualmente dezenas de pessoas detidas na Guiné-Bissau por motivos que se poderiam considerar políticos ou de alteração das ordem pública, mais de sete meses depois de uma missão militar angolana, Missang, ter sido encarada benevolentemente pela União Europeia e a CEDEAO. O sentimento optimista em Maio divulgado pelo boletim Africa Monitor decorria da ideia generalizada de que o principal objectivo da missão, promover a reforma das FA guineenses, seria "meritório".

Factores considerados então numa análise feita sobre o assunto:

- É do interesse geral uma estabilização política duradoura da GB (ainda considerada exposta a riscos devido ao protelamento da reforma das FA).

- Considera-se que a missão angolana dispõe de condições para vir a desempenhar um papel determinante na referida estabilização.

De acordo com a referida análise, o interesse com que Angola encara uma estabilização da GB, de preferência através de uma participação activa no processo, também é devido a razões de interesse próprio, entre as quais a criação de um clima propício à implementação de projectos económicos, como o porto de Buba e bauxites do Boé.

Um balanço positivo da Missang é igualmente visto pelos dirigentes angolanos como um factor capaz de conferir prestígio externo ao país e gerar influências – estas sobretudo no plano regional. Uma tal cenário atenderia a antigas lógicas da política angolana; serviria para fazer esbater o revés da Costa do Marfim.

O principal objectivo da missão, conforme "regras de empenhamento" respectivas, é o de garantir, nas suas diferentes fases, uma "boa execução" do plano de reforma do sector de Defesa e Segurança da GB, cuja parte mais melindrosa é a desmobilização e passagem à reforma de parte considerável do efectivo das FA.

O plano, delineado por uma missão militar e policial da União Europeia, e já aprovado, nunca chegou a ser posto em marcha por razões entre as quais avultam as seguintes:

- Resistências e/ou falta de colaboração dos militares, em especial chefes, comandantes e oficiais em geral, que a si próprios se consideram "alvo" do plano; reticências políticas e outras, internas, no tocante modelo de forças estipulado.
-------- Portanto, no país onde foram mortos Nino Vieira, Tagme Na Wae, Ansumane Mané, Veríssimo Correia Seabra, Helder Proença, Baciro Dabó e tantos outros, durante esta última década e meia, nenhum plano de normalização da vida pública foi ainda levado à prática. Tudo continua no mesmo marasmo de 1996 ou 1997.

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