16.4.13

Guiné-Bissau, um projecto por concretizar

"O Comando não ambiciona o poder, mas foi forçado a agir desta forma para se defender das investidas diplomáticas do Governo guineense, que visa aniquilar as Forças Armadas da Guiné-Bissau através de forças estrangeiras", assim se expressaram há um ano os golpistas guineenses. Se "aniquilar" significa aqui desmantelar, dissolver, não é nada de mal; antes pelo contrário. As Forças Armadas da Guiné-Bissau, tal como as conhecemos nos últimos 12 anos, não interessam a ninguém; só servem para gerar sofrimento. A União Europeia, e depois Angola, tentaram reestruturar profundamente as Forças Armadas guineenses, eivadas de muitos vícios. "Aniquilar" não deve ser aqui entendido no seu sentido literal, no do desejo de matar ninguém. Mas sim de acabar de uma vez por todas com uma instituição que já se revelou altamente prejudicial para o país que teoricamente deveria servir. Estas Forças Armadas, as de António Indjai e de José Américo Bubo Na Tchuto e de Papa Camará, e de Daba Na Walna, não interessam a ninguém. Há que desmantelá-las, sem apelo nem agravo; pois que enquanto existirem a Guiné-Bissau não conseguirá de forma alguma sair do atoleiro. Há que remodelar profundamente, de alto a baixo, todo o aparelho militar e todo o aparelho de segurança guineenses, que tanto mal têm feito aos seus compatriotas. "Aniquilar", desmantelar, riscar do mapa as actuais estruturas castrenses da Guiné-Bissau e os seus aliados políticos é preciso, necessário e urgente, para que o Estado idealizado por Amílcar Cabral não deixe de uma vez por todas de existir. Se nada se fizer de muito forte, de muito profundo, a Guiné-Bissau terá sido apenas um conceito, um projecto, que nunca se conseguiu concretizar. Jorge Heitor

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