5.11.13

Uma diatribe contra Armando Emílio Guebuza

Os jornalistas são, como é sabido, gente horrível. Eu próprio todos os dias me assusto, terrivelmente, ao olhar para o espelho da casa de banho e ver lá a cara de um jornalista. Mas, se alguém ainda tinha dúvidas sobre este facto, as clarividentes palavras do nosso Chefe de Estado, no Chimoio, fizeram, de certeza, desaparecer essas dúvidas. Ficou agora claro quem é que levou o país ao estado em que está: foram os jornalistas. Não tenho dúvidas de que foram jornalistas quem andou por aí, nos mercados de armamento, a comprar toneladas de canhões, metralhadoras, tanques e veículos blindados, para iniciar uma guerra que, todos os dias, afirmam não querer. Foram também jornalistas, decerto, quem deu ordens para o ataque, com armas pesadas, a Santundjira, em que foi morto um deputado da Renamo. O ataque a Marínguè foi, indubitavelmente, tramado em alguma redacção. O mesmo se passando, é claro, em relação à planificação dos sangrentos ataques nas estradas, seja quem for que, depois, os executou.
Terão, igualmente, sido jornalistas os que foram à Roménia comprar velhos aviões caça-bombardeiros Mig 21. Ou à França encomendar, às escondidas das estruturas competentes, três dezenas de embarcações de utilidade ainda pouco clara. Gente horrível, como digo, esses jornalistas... E não vamos esquecer que devem ter sido jornalistas todos os que andaram a saquear o Supremo Tribunal Administrativo ou se associaram aos madeireiros chineses para dar cabo das nossas riquezas naturais, entre madeiras preciosas, marfim e cornos de rinoceronte. Todos sabemos que os cidadãos de Tete, escorraçados para a localidade de Cateme, foram empurrados na ponta das esferográficas dos jornalistas. Os desmobilizados de guerra têm sido, regularmente, agredidos, nas ruas, com jactos de tinta de impressão dos jornais. Isto para não falar dos históricos libertadores da Pátria que, mais dia menos dia, vão ser obrigados a abandonar as suas bancas de venda de produtos recreativos, ali no Bairro Militar, para dar lugar a um Valentinustão. O lugar que lhes prometem, no Zimpeto, tem muito menor valor para os seus produtos... Sobre os malefícios dos jornalistas para os médicos e profissionais de saúde nem é bom falar. E o mesmo se passa com os professores e mesmo os polícias. Mas o que mais me choca é a aparente indiferença popular em relação a estes terríveis malefícios da classe dos jornalistas. Há dias estive numa manifestação que percorreu as avenidas, ruas e praças de Maputo. Ouvi muitas palavras de ordem, grande parte contra o Governo e, até, algumas claramente contra o nosso Chefe de Estado. No entanto, ninguém naquela multidão de muitos milhares de pessoas se manifestou contra os jornalistas! Porquê será?!!!! Machado da Graça, Correio da Manhã, Maputo

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