12.4.11

A França quer uma África bem comportada

Depois de ter conseguido que fosse detido o Presidente socialista da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, a França mantém-se extremamente activa no continente africano, criticando até a NATO por fazer pouco contra o arsenal de Muammar Khadafi.
Durante décadas, Paris viu a África pós-colonial como uma sua esfera exclusiva de influência, uma coutada que ia de Dacar a Djibuti, passando por Abidjan e N'Djamena. E chegado o séculO XXI continuou a manter influência militar e milhares de soldados desde a África Ocidental ao Corno de África.
Na Costa do Marfim deu plena cobertura às Forças Republicanas de Alassane Ouattara e Guillaume Soro. Na Líbia deu o sinal de partida para que outros ocidentais atacassem o poder de Kadhafi e agora acusa-os de estarem a fazer pouco.
As empresas francesas têm grandes interesses na África, para onde exportam cinco por cento do que produzem; e há 240.000 franceses a viver para sul do Mar Mediterrâneo.
Da África chegam a França petróleo, gás natural, cacau, café e muitas outras coisas, de onde compreender-se o interesse de Nicolas Sarkozy e do empresariado francês em tudo o que se passa no Senegal, na República da Guiné, na Costa do Marfim, no Níger, no Mali, no Chade e na República Centro-Africana.
Por isso, eles não viram com bons olhos que Laurent Gbagbo diversificasse os parceiros da Costa do Marfim, disponibilizando-se para abrir à África do Sul, à Rússia, ao Brasil e a outros terrenos em relação aos quais Paris julgava ter prioridade.
Alassane Dramane Ouattara dá aos discípulos do general Charles De Gaulle muito mais garantias de um desenvolvimento da economia marfinense de acordo com as linhas que eram seguidas há 25 anos, nos tempos do Presidente Félix Houphouët-Boigny.
Só que, em alguns círculos nacionalistas de diversos países africanos, não está a cair nada bem o afã intervencionista dos franceses, que parecem saudosos dos tempos anteriores a 1960. Jorge Heitor

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