19.4.11

A Somália deixou de existir há 20 anos

A Somália, como Estado, cujas cidades principais eram Mogadíscio, Hargeisa e
Bosaso, deixou de existir no dia 27 de Janeiro de 1991, com o derrube do general Syadd Barre, que se encontrava no poder desde 1969.
O Presidente abandonou as suas funções depois de quatro semanas de combates contra forças do Congresso da Somália e grande parte das infraestruturas da capital ficaram danificadas.
Syadd Barre foi substituído por Ali Mahdi Mohamed, nome que ninguém fixou. E logo no dia 18 de Maio seguinte o Movimento Nacionalista Somali proclamou a independência da Somalilândia, no Norte, zona outrora colonizada pelos britânicos.
A Somália deixou praticamente de existir há 20 anos e ninguém parece agora preocupar-se muito com isso; ninguém abordou a triste efeméride, preocupados que todos estavam com a agitação na Tunísia e no Egipto.
As rivalidades de origem tribal existentes na Somália, como na Líbia, fizeram milhares dee mortos, em alguns meses, nomeadamente nos combates entre os fiéis de Ali Madhi Mohamed e os de Mohammed Farah Aidid.
A República da Somália proclamada em 1 de Julho de 1960, ao longo de 3.000 quilómetros de costa, no Corno de África, já não existe há duas décadas; e o mundo não se importa.
A maioria dos somalis chegou ao fim do século XX no estado de nómada, com os restantes urbanizados em redor dos pontos onde havia água: Mogadíscio, Hargeisa, Kismayo, Berbera e alguns outros.
A fusão de uma colónia italiana e de outra britânica não funcionou durante mais de três décadas. Por isso, temos hoje a Somalilândia, a Puntlândia, uma série de outras entidades em terra e muitos piratas ao largo.
Como vizinhos do dilacerado povo somali encontramos o pequeno Djibuti, a Etiópia e o Quénia.
Do outro lado da Etiópia, o Sudão prepara-se para assistir à proclamação da independência da sua parte meridional.
Quem é que disse que os princípios estabelecidos em 1963 pela Organização de Unidade Africana (OUA) eram para cumprir na íntegra, nomeadamente quanto à conveniência de se conservarem as fronteiras traçadas no fim do século XIX pelas potências coloniais? Jorge Heitor

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