A estabilidade política em Timor-Leste pode ficar ameaçada pelo previsível declínio nas receitas do petróleo e se o atual primeiro-ministro, Xanana Gusmão, deixar o poder no final do ano, avisa o Instituto de Análise Política dos Conflitos.
De acordo com este instituto, com sede em Jacarta, na Indonésia, uma das raízes da estabilidade política que se vive em Timor-Leste resulta da canalização das verbas do petróleo para pagar aos deslocados para voltarem para casa, comprar os desertores do Exército que fomentaram a violência em 2006, financiar as pensões para os veteranos da luta pela independência e garantir contratos de construção aos potenciais opositores políticos.
"Entre os observadores há uma tese geralmente aceite que diz que comprar a paz não é uma maneira aconselhável de criar estabilidade num país, e isso é verdade, principalmente em termos de sustentabilidade", defende o vice-presidente do instituto (IPAC, na sigla em inglês), em declarações citadas no IRIN, um site gerido pelo departamento das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários.
Cillian Nolan acrescenta, no entanto, que "de alguma forma isto resultou bem, não só porque conseguiu-se manter a paz, mas também porque isto mostrou uma forte independência face à influência estrangeira, porque realmente era dinheiro timorense a ir para as mãos de timorenses".
Depois da independência, em 2002, o país passou por vários conflitos internos em 2006 devido a dissidências dentro do Exército, que deixaram 150 mil pessoas desalojadas, o que resultou numa internvenção militar internacional, mas desde então tem havido um período de relativa estabilidade política.
De acordo com uma análise do Banco Mundial, as raízes da violência de 2006 assentaram no "falhanço em corresponder às altas expetativas pós-independência, particularmente para os veteranos da luta pela independência, altas taxas de pobreza e uma favoritismo percecionado na atribuição de cargos".
Para o Grupo Internacional de Crise (ICG, na sigla em inglês), são três os pilares da estabilidade no pequeno país habitado por 1,1 milhões de habitantes: "a autoridade do primeiro-ministro, as reformas no setor da segurança, e o fluxo de receitas petrolíferas do Mar de Timor".
Dois dos alicerces que sustentam a estabilidade política estão, no entanto, em risco, a começar pelo petróleo, cujas receitas vão começar a diminuir: "Timor-Leste tem cerca de sete anos até que a riqueza petrolífera desapareça", vaticina o investigador Charles Scheiner, do instituto de análise política timorense Lao Hamutuk.
Este instituto calcula que 90% das receitas estatais de Timor-Leste resultam do petróleo e gás. O Fundo Petrolífero detém cerca de 16 mil milhões de dólares, mas em 2025 estará vazio.
Por outro lado, a saída de Xanana, segundo os mesmos investigadores, criará o problema de como lidar com a previsível agitação social e política sem a liderança única do histórico resistente timorense.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa
De acordo com este instituto, com sede em Jacarta, na Indonésia, uma das raízes da estabilidade política que se vive em Timor-Leste resulta da canalização das verbas do petróleo para pagar aos deslocados para voltarem para casa, comprar os desertores do Exército que fomentaram a violência em 2006, financiar as pensões para os veteranos da luta pela independência e garantir contratos de construção aos potenciais opositores políticos.
"Entre os observadores há uma tese geralmente aceite que diz que comprar a paz não é uma maneira aconselhável de criar estabilidade num país, e isso é verdade, principalmente em termos de sustentabilidade", defende o vice-presidente do instituto (IPAC, na sigla em inglês), em declarações citadas no IRIN, um site gerido pelo departamento das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários.
Cillian Nolan acrescenta, no entanto, que "de alguma forma isto resultou bem, não só porque conseguiu-se manter a paz, mas também porque isto mostrou uma forte independência face à influência estrangeira, porque realmente era dinheiro timorense a ir para as mãos de timorenses".
Depois da independência, em 2002, o país passou por vários conflitos internos em 2006 devido a dissidências dentro do Exército, que deixaram 150 mil pessoas desalojadas, o que resultou numa internvenção militar internacional, mas desde então tem havido um período de relativa estabilidade política.
De acordo com uma análise do Banco Mundial, as raízes da violência de 2006 assentaram no "falhanço em corresponder às altas expetativas pós-independência, particularmente para os veteranos da luta pela independência, altas taxas de pobreza e uma favoritismo percecionado na atribuição de cargos".
Para o Grupo Internacional de Crise (ICG, na sigla em inglês), são três os pilares da estabilidade no pequeno país habitado por 1,1 milhões de habitantes: "a autoridade do primeiro-ministro, as reformas no setor da segurança, e o fluxo de receitas petrolíferas do Mar de Timor".
Dois dos alicerces que sustentam a estabilidade política estão, no entanto, em risco, a começar pelo petróleo, cujas receitas vão começar a diminuir: "Timor-Leste tem cerca de sete anos até que a riqueza petrolífera desapareça", vaticina o investigador Charles Scheiner, do instituto de análise política timorense Lao Hamutuk.
Este instituto calcula que 90% das receitas estatais de Timor-Leste resultam do petróleo e gás. O Fundo Petrolífero detém cerca de 16 mil milhões de dólares, mas em 2025 estará vazio.
Por outro lado, a saída de Xanana, segundo os mesmos investigadores, criará o problema de como lidar com a previsível agitação social e política sem a liderança única do histórico resistente timorense.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa