6.1.11

O império Kong dos Ouattara

Por volta de 1700, segundo o Professor Joseph Ki-Zerbo, foi fundado o estado dioula de Kong, nada mais nada menos do que por Sékou Ouattara, antepassado paterno do actual Presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Dramene Ouattara. Outras fontes são mesmo mais precisas, colocando a fundação de tal entidade política no ano de 1710.
No século XVIII, quando Portugal estava cheio do ouro proveniente do Brasil, a cidade-Estado de Kong, que baseou a sua prosperidade nas trocas entre a savana e a floresta, dominou a região produtora de ouro e de noz de cola do Norte da Costa do Marfim.
As cidades mercantis criadas por comerciantes de etnia dioula tinham-se desenvolvido ao mesmo tempo que o islão se desenvolvia. E foi assim que o clã dos Ouattara derrubou o poder tradicional animista e alargou os seus territórios.
Quando Sékou Ouattara, tetravô de Alassane, morreu em 1745, aos 80 anos, segundo se pode ler no Mémorial de la Côte dIvoire, deixou aos seus sucessores aquilo que é hoje o Nordeste da Costa do Marfim, atravessado pelo rio Komoé.
Só quem ainda porventura pense como Hegel, que em 1830 dizia de forma tão ingénua que "a África não é uma parte histórica do mundo", é que não saberá dos reinos fulas, mandingas e tantos outros que ao longo dos séculos se desenvolveram por alturas de Tombouctu, Ouagadougu e Bondouku.
Para este escriba, porém, que aos 15 anos começou a ter aulas de introdução às questões africanas, por pessoas tais como Luís Filipe de Oliveira e Castro, não é assim tão difícil traçar uma linha de continuidade entre o passado e o presente da família Ouattara.
Foram precisamente três séculos, 300 anos, o tempo decorrido entre a chegada do tetravô ao poder nas savanas de Kong e a proclamação de Alassane Dramane Ouattara como Presidente eleito da Costa do Marfim, com corte a funcionar no Hotel du Golf, em Abidjan. Jorge Heitor

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