Numa entrevista hoje transmitida pela Europe 1 e que me fez lembrar o grande filme feito em 1966 por Roberto Rosselini, Alassane Dramane Ouattara garantiu que, por todo este mês de Janeiro, vai ter "a totalidade do poder" na Costa do Marfim.
De modo a garanti-lo, um Conselho de Segurança que começa o ano sob a presidência da Bósnia, que sabe muito bem o que são situações de conflito, deverá dentro de dias reforçar com pelo menos um milhar de homens os efectivos da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI).
O Conselho actua na sequência de um pedido formulado pelo francês Alain Le Roy, encarregado das operações da ONU para a pacificação de certos territórios mais agitados. E a ONUCI poderá assim vir a ficar com pelo menos 10.500 militares e polícias, 500 dos quais deslocados da vizinha Libéria, que já teve a sua boa experiência de violência e até tem um ex-Presidente a ser julgado no Tribunal Especial das Nações Unidas para a Serra Leoa, que neste caso específico não se reúne em Freetown mas sim em Haia.
Com uma União Europeia a reboque da vontade da França herdeira do general De Gaulle e uma ONU onde os Estados Unidos têm grande peso, não é muito difícil de acreditar que Alassane Dramane Ouattara consiga de facto concretizar dentro de semanas aquele que é de há muito o seu desejo de quadro superior das instituições de Brenton Woods: "Vamos ter a totalidade do poder".
Tal como Rosselini nos retratou de forma tão magistral A Tomada do Poder por Luís XIV, era bom que houvesse agora alguém, cineasta ou romancista, que conseguisse gravar para a posteridade todos os episódios da tomada do poder por este homem cujos laços ancestrais radicam na aristocracia da Haute Côte d'Ivoire. Ou seja, naquela zona de confluência entre os países que hoje conhecemos como Burkina Faso e Costa do Marfim. Jorge Heitor
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