Depois de 2005 terem visto Ellen Johnson-Smith, economista do Banco Mundial e do Citibank, chegar à presidência da Libéria, os Estados Unidos testemunham agora a eleição de outro economista de formação norte-americana, Alassane Dramane Ouattara, para a chefia da vizinha Costa do Marfim.
Bauxite, cobalto, diamantes, ferro, manganésio, níquel, tantalite e oiro são atributos da dita Costa do Marfim, pelo que a alguns países estrangeiros interessa tem no controlo de tais riquezas pessoas de formação economicistas, ligadas ao Banco Mundial e ao FMI.
Isto ajuda a explicar o empenho com que a Administração Obama e o Presidente Nicolas Sarkozy garantam a pés juntos que Ouattara é o Presidente devidamente eleito da Costa do Marfim, devendo substituir o historiador Laurent Gbagbo, criatura da Internacional Socialista.
Se bem que num primeiro tempo, há 15 dias, Gbagbo parecesse isolado, perante as vozes sonantes da Casa Branca, do secretário-geral das Nações Unidas, do Eliseu e da Comissão Europeia, depois ele conseguiu recompor-se e as entrevistas têm-se sucedido, desde os jornais franceses à Euronews.
Nenhum dos dois homens será uma criatura santa e agora aquilo em que temos de pensar é nos metais indispensáveis ao fabrico de aparelhos de alta tecnologia, as chamadas "terras raras", produção mundial dominada pela China e a que os Estados Unidos e o Canadá querem ter acesso.
O que faz correr Washington, Paris, Otava e Bruxelas não será talvez o facto de Ouattara ter tido aparentemente mais oito por cento de votos do que Gbagbo, mas sim o grande jogo da geopolítica.
Gostaria que os nossos jornais e televisões deixassem de continuar a insistir na mesma técnica simplista de que um Presidente perdeu e não quer sair, para irem mais longe, mais a fundo, explicando tudo o que está por trás daquilo que se joga na Libéria e na Costa do Marfim: controlo de metais, de redes terroristas e de tráficos.
Laser, telemóveis, grandes écrans de televisão e iPhones necessitam de coisas que há na África Ocidental; e por isso poderá correr muito sangue na Guiné-Bissau, na Serra Leoa, na Libéria e na Costa do Marfim.
Os painéis solares, as urbinas eólicas, os mísseis de cruzeiro e os radares necessitam das "terras raras" africanas, pelo que há que controlar muito bem todo o espaço que se estende das Bijagós ao Delta do Níger.
O ideal seria até, se possível, instalar aí o Africom, o comando militar da América para a África, por enquanto ainda a funcionar na Alemanha, essa potência emergente que ainda nos poderá dar muito que pensar.
As indústrias da América do Norte e da Europa não podem deixar nas mãos da China todo o potencial de "terras raras" que há na África Ocidental. E é também isso que está em causa quando por estes dias se falar em eswcaramuças nas ruas de Abidjan ou de Bouaké. Há que dizê-lo frontalmente. Jorge Heitor
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