14.1.11

Simone Ehivet Gbagbo, a primeira dama de Marfim

Por sugestão do meu querido amigo Eduardo Costa Dias, doutorado em Antropologia, vou-vos aqui falar hoje de Simone Ehivet Gbagbo, de 61 anos, a primeira dama cessante da Costa do Marfim, presidente do grupo parlamentar da Frente Popular Marfinense (FPI) e vice-presidente deste mesmo partido, há 10 anos no poder.
Nascida em 1949 na região de Gran-Bassam, a leste de Abidjan, aquela a quem Thomas Hofnung já chamou em 2007 "La dame d'ivoire", nas páginas do Libération, a senhora é uma cristã evangélica numa igreja que tem grandes laços com os Estados Unidos, havendo até quem já lhe tenha chamado na imprensa marfinense "a Hillary Clinton dos trópicos".
Se a primeira dama emergente, Dominique Ouattara, é uma figura de peso na sociedade da Costa do Marfim, Simone não lhe fica atrás, metendo medo tanto a motoristas de táxis como a fotógrafos, dado o seu feitio irascível.
Segundo os serviços secretos franceses,citados pelo referido Hofnung, os esquadrões da morte que em 2002 e 2003 assassinaram diversas personalidades da oposição a Gbagbo teriam sido dirigidos, nada mais nada menos, do que pelo chefe da guarda pessoal da excelsa senhora.
Perante tanta acusação contra ela formulada, Simone Ehivet Gbagbo chegou a publicar o livro "Paroles d'honneur", na editora Ramsay, de modo a tentar demonstrar que não é propriamente um Rasputine envolto em panos tradicionais africanos.
Aquando das negociações de Marcoussis, sobre a partilha do poder entre a FPI e as Forças Novas de Guillaume Soro, que têm vindo a controlar a parte setentrional do país, Simone foi bem clara nas suas ameaças: "Se os nossos homens vão a Paris para tomar decisões que não nos interessam, quando regressarem não nos encontrarão na cama".
Quando em 1992 passou seis meses na prisão, a antiga sindicalista da década de 1970 disse ter encontrado na cadeia "um Deus mais presente, mais próximo". E assim juntou a religião à sua cruzada para a conquista do poder pelo homem com quem é casada em segundas núpicas.
Agora, mesmo que ele tenha de se retirar, aos 65 anos, ela poderá ainda acalentar o sonho de vir a coordenar a oposição ao Presidente eleito Ouattara. Mulheres desta fibram nunca se conformam com um simples papel de donas de casa; ou com actividades de menor importância.
A dama é de Marfim e quer continuar a sê-lo até ao último suspiro. Jorge Heitor

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