4.10.13

Bissau: Há os que perfilham a tese da Tutela

A exibição do próximo filme “A Palhaçada VII”, também conhecido como “eleições na Guiné-Bissau”, está prevista para Novembro 2013. O realizador desta última saga é o Dr. Ramos Horta, o produtor as Nações Unidas, a CEDEAO está encarregue da realização técnica e os actores (candidatos-palhaços) já são conhecidos. É pouco provável que o filme seja exibido em Novembro. A estreia será sem dúvida adiada para 2014. Os espectadores vão ter que esperar . Enquanto esperamos se calhar vale a pena tentar compreender o que explica o desperdício de enormes meios financeiros e humanos na produção, realização e exibição de filmes de péssima qualidade e mau gosto nos países onde se sobrevive com menos de 2$ por dia e o que explica que Quarenta anos depois Guiné-Bissau seja um estado falhado. Guiné-Bissau, como muito outros países, também foi um dia liderado por um partido marxista ou de inspiração marxista-leninista (o PAIGC). A nossa « elite » política, intelectual, era marxista. Acreditavam em luta de classes, em nacionalizações e não tinham a mínima dúvida que o imperialismo era o inimigo a combater. Dizer que acreditavam é claro um exagero. Nunca acreditaram em absolutamente nada. Foi-lhes dito e inculcado que a solução para África residia na aplicação estrita dessa «ciência» milagrosa chamada «marxismo-leninismo ». E criaturas obedientes que eram(e são), obedeceram. Hoje, claro, mesmo a China já não é marxista e, Angola que foi salvo da colonização sul- africana por um dos poucos países que acreditava sinceramente e ainda acredita em internacionalismo– Cuba , é liderado hoje, como ontem, por um capitalista corrupto e « democrata » e, a sua filha é a mulher mais rica de África. O papa tem orgulho na filha e o povo angolano esta « feliz », ignorante e de estômago vazio. Em 1989, os partidos «marxistas» africanos converteram-se todos às delicias do mercado e são hoje constituídos por um bando de «políticos » gananciosos, que seguem a grande tradição capitalista de acumulação de capitais, designado também de roubo em português corrente. Em 2013 a «elite» africana «acredita» pois que a solução para África é o capitalismo e a «democracia», sendo que a democracia são as eleições «livres, justas e transparentes» declaradas pelas Nações Unidas, pagas pela «comunidade internacional» e sistematicamente contestadas. Ontem, como hoje, essa « elite » africana , alienada, corrupta, ignorante, confusa, sem valores e princípios, alegre e pateta e traindo o seu povo sem pestanejar, esta evidentemente completamente errada. Se é verdade que no passado, a adopção pela maioria dos países africanos do marxismo leninismo e do modelo do Partido Único, era quase inevitável porque as armas, a assistência técnica, o apoio diplomático durante a luta da libertação nacional vieram na sua esmagadora maioria da ex-União Soviética ,e de Cuba, país sem o qual nenhum país africano teria conseguido a independência . Mas não é menos verdade, que a conversão das «elites» africanas à nova ideologia milagrosa para resolver os nossos problemas – é ridícula e perigosa. Mais uma vez, «acreditámos» na nova solução - «Democracia» isto é, eleições, porque nos foi dito para acreditar. Ora para que existam eleições «livres, justas e transparentes», uma série de pré-condições devem existir :um Estado de Direito , uma imprensa livre, uma classe média, candidatos que aceitem as regras do jogo, respeito de adversários…e dos resultados… etc… etc. Nenhuma destas condições estão reunidas em África e de certeza que não existem na Guiné-Bissau. Se assim é, por que então insistir em fazer eleições em países onde as condições mínimas não existem? Porque eleições é a “democracia”. As eleições e a propaganda sobre a democracia, desempenham hoje o papel que a religião marxista desempenhou no passado . Ramos Horta, um homem estimável, de boas intenções e que não deseja inferno para ninguém, um detentor de prémio Nobel de paz merecido (contrariamente ao criminoso que ocupa a Casa Branca neste momento), é , infelizmente para a Guiné-Bissau, um funcionário internacional que acredita também na nova ortodoxia e que considera que a sua função é espalhar a «democracia» e salvar as almas através de eleições e «diálogo». Seria patético se não fosse trágico. Essa nova dogma, tem custos enormes. Vidas humanas desperdiçadas, oportunidades perdidas, futuro adiado, Países de rasto. De acordo com os dados da própria Nações Unidas, a Guiné-Bissau tem uma das mais alta taxas de mortalidade infantil do mundo e a esperança de vida à nascença é de 48.6 anos. Continuar a aplicar na Guiné-Bissau-, após várias eleições falhadas, vários golpes de estado , a mesma receita não é apenas um disparate. E um crime contra o povo de Guiné-Bissau. Então qual é a solução para a Guiné-Bissau? Talvez custe acreditar que um país que tem sido « governado » por um bando de militares ignorantes e políticos analfabetos (muitos « formados » nas universidades portuguesas), possa ter pessoas capazes de indicar uma solução para sair da situação catastrófica em que nos encontramos. Nós, filhos de Guiné-Bissau, temos a solução para a nossa terra. A solução consta da petição (http://chn.ge/14EfFe7 ) que lançamos e na carta que enviamos ao representante especial do secretário geral das Nações unidas na Guiné-Bissau. O Sr Ramos Horta não achou importante responder. A solução que apontamos vai contra os princípios da nova ideologia reinante de que ele é um dos ilustre defensor. A solução para a Guiné-Bissau chama-se Tutela. O nosso país poderá apenas sair da grande noite em que se mergulhou se for colocado em regime de Tutela Internacional sob a autoridade das Nações Unidas. Quarenta anos depois da «independência» é uma vergonha para a pátria de Amílcar Cabral solicitar a Tutela das Nações Unidas. Mas ter vergonha é o primeiro passo necessário para ter a coragem que precisamos. Coragem para olhar em face a nossa própria história e admitir que somos nós os Guineenses, os culpados, que somos nós os Guineenses que falhamos. O inimigo somos nós. A tragédia Africana e guineense é que a nossa «elite» política , intelectual, militar não tem vergonha e evidentemente nenhuma coragem. Nós, guineenses do Movimento de Salvação Nacional, temos vergonha e a coragem de apontar a solução que precisamos para sair do circulo vicioso em que a nossa terra se encontra. Solução humilhante, mas a única possível neste momento. E essa solução, evidentemente, não passa pela realização das próximas eleições. aziboberta@gmail.com – Coordenador Geral do Movimento de Salvação Nacional de Guiné-Bissau. (desde há alguns anos que algumas pessoas andam a alvitrar esta hipótese de o país ser colocado sob tutela da ONU, como se ainda se estivesse no início da década de 1960, antes de se ter avançado com a luta armada que culminou na proclamação unilateral da independência)

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