21.10.13

Quase 30 milhões de escravos

Pelo menos 29,8 milhões de pessoas vivem como escravos em todo o mundo, quase metade na Índia, revela o novo Índice Mundial de Escravidão, publicado em Londres pela ONG Walk Free Foundation. O documento refere que entre os 20 países com a pior posição, 14 são africanos e que 75 por cento dos escravos vivem na Ásia. A Índia tem quase 14 milhões de escravos, mas a Mauritânia é o país com maior número de escravos em relação à população, com 160 mil pessoas escravizadas num total de 3,8 milhões de habitantes, o que significa que quatro por cento da sua população vive em regime de escravidão, indica o relatório. Os dez países com maior percentagem de escravos são Mauritânia, Haiti, Paquistão, Índia, Nepal, Moldávia, Benin, Costa do Marfim, Gâmbia e Gabão. Em termos absolutos, os países com mais escravos são Índia (13.956.010), China (2.949.243), Paquistão (2.127.132), Nigéria (701.032), Etiópia (651.110) e Rússia (516.217). O índice classifica 162 países de acordo com o número de pessoas em condições análogas à escravidão, risco de escravização e força das reacções governamentais a essa actividade ilegal. Refere igualmente que as pessoas escravizadas são traficadas por quadrilhas para exploração sexual e trabalho não qualificado. Índia, China, Paquistão, Nigéria, Etiópia, Rússia, Tailândia, República Democrática do Congo, Mianmar e Bangladesh respondem por 76 por cento dos 29,8 milhões de casos de escravidão estimados no mundo, refere o relatório daquela ONG, que diz que a corrupção, e não a pobreza, é a maior causa da escravidão, e recomenda leis para impedir a acção do crime organizado. O primeiro país latino-americano no ranking é o Haiti, que está em segundo lugar, imediatamente atrás da Mauritânia. Também aparecem na lista de países onde há vítimas da escravidão o Peru (65º), Suriname (68º), Equador (69º) e Uruguai (72º). Os países das Caraíbas, refere o relatório, mostram um risco menor de escravidão. “O Haiti é um caso especial na região fruto de uma história de mau governo e de um forte legado de escravidão e de exploração”, explica o relatório que acompanha o índice. A ONG espera que o índice anual ajude os governos a vigiar e controlar o problema. “Surpreende muita gente ouvir que a escravidão ainda existe”, disse o director da organização, para quem “a escravidão moderna reflecte todas as características da antiga”. Nick Grono afirmou que “as pessoas são controladas pela violência. São enganadas, ou forçadas a trabalhar, ou são colocadas numa situação em que são exploradas economicamente e não são livres para ir embora”, explicou. Acrescentou que a definição de escravidão usada como base para o relatório inclui não apenas a tradicional, “mas também práticas similares, como casamentos forçados, venda, ou exploração infantil”. O investigador Kevin Bales espera que o índice consciencialize a opinião pública e pressione os governos a agir mais. “Quando analisamos as estatísticas verificamos que a corrupção é mais poderosa do que a pobreza na condução da escravidão", disse Bales, professor de escravidão contemporânea no Instituto Wilberforce para o Estudo da Escravidão e da Emancipação da Universidade de Hull. “Fundamentalmente, isso é uma questão de crime violento”, acrescentou.

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