20.4.14

As dificuldades da construção da Guiné-Bissau

O roteiro académico "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau", publicado em Março, no Porto, por Francisco Henriques da Silva e Mário Beja Santos, divide a história contemporânea do território em quatro períodos:
- A ilusória construção do país (de 1974 a 1980)
- A cisão com Cabo Verde e a abertura política (1980-1999)
- A guerra civil e a preponderância dos militares na vida política (1998-1999)
- O Estado falhado e as suas crises endémicas (de 1999 ao golpe de 12 de Abril de 2012).
Do período de transição que se seguiu ao golpe de estado de 2012 ainda não rezam os compêndios, nem este roteiro sobre tudo o que ao longo dos séculos foi acontecendo nas terras de mandingas, fulas, balantas, manjacos, beafadas, felupes e outros povos que com eles têm convivido.
A independência da Guiné-Bissau foi proclamada unilateralmente, em Madina do Boé, no dia 24 de Setembro de 1973, mas as últimas tropas portuguesas só de lá saíram no mês de Outubro de 1974.
A primeira pessoa a exercer as funções de comissário principal (primeiro-ministro), Francisco Mendes, Chico Té, morreu num acidente de automóvel em 7 de Julho de 1978; e o Presidente Luís Cabral foi deposto por Nino Vieira (sucessor de Chico Té) em 14 de Novembro de 1980.
Assim decorreram os seis primeiros anos após a descolonização, podendo-se deles concluir que de nada servira ao PAIGC ter feito uma boa guerrilha e deixado em maus lençóis as Forças Armadas Portuguesas.
Construir um país não é, de forma alguma, conquistar o poder; mas sim saber geri-lo, da melhor maneira possível. E isso, até hoje, ainda quase nunca foi feito na Guiné-Bissau.
Construir um país não é, apenas, ter um líder carismático, sobretudo se esse líder morre ou é assassinado ainda antes da independência ser alcançada.
Construir um país só se consegue a partir de uma base sólida, de preferência com uma população devidamente alfabetizada (a mais de 50 por cento) e com um número muito razoável de quadros. Sem qualquer interferência de conflitos étnicos.
Vimos isso, há 34-35-36 anos, na Guiné-Bissau. E estamos a vê-lo agora, por exemplo, no Sudão do Sul. Oxalá todos o compreendam; para que estes erros não se repitam. Jorge Heitor 20 de Abril de 2014

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