30.11.14
Homenagem a Carlos Drummond de Andrade
Se tento comunicar-me, o que há é apenas a noite e uma espantosa solidão. Assim escreveu Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e assim o penso, o sinto, muitas vezes eu.
Devo seguir até ao enjoo? Posso, sem armas, revoltar-me? perguntou o poeta mineiro, que um dia chegou a ler uns parcos versos meus, que lhe foram mostrados por um amigo comum, o Eduardo Chianca de Garcia. E com essas perguntas me identifico.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Que poderia ele; e que posso eu fazer?
Perdi os melhores amigos. Já não tento qualquer viagem. "Sinto que o tempo sobre mim abate sua mão pesada. (...) Uma aceitação maior de tudo, e o medo de novas descobertas".
Se eu pudesse recomeçar os meus dias! Usar de novo a minha adoração pelos deuses que tive. "Vejo tudo impossível e nítido".
E depois das memórias vem o tempo trazer novo sortimento de memórias, até que, fatigado, me recuso, como ele, e não saiba já se a vida é ou se de facto foi.
E agora, José? E agora, Carlos? E agora, eu?
Jorge Heitor 30 de Novembro de 2014
29.11.14
Há milhares de escravos no Reino Unido
There could be between 10,000 and 13,000 victims of slavery in the UK, higher than previous figures, analysis for the Home Office suggests.
Modern slavery victims are said to include women forced into prostitution, "imprisoned" domestic staff and workers in fields, factories and fishing boats.
The figure for 2013 is the first time the government has made an official estimate of the scale of the problem.
The Home Office has launched a strategy to help tackle slavery.
It said the victims included people trafficked from more than 100 countries - the most prevalent being Albania, Nigeria, Vietnam and Romania - as well as British-born adults and children.
Data from the National Crime Agency's Human Trafficking Centre last year put the number of slavery victims in the UK at 2,744.
The assessment was collated from sources including police, the UK Border Force, charities and the Gangmasters Licensing Authority.
The Home Office said it used established statistical methodology and models from other public policy contexts to estimate a "dark figure" that may not have come to the NCA's attention.
It said the "tentative conclusions" of its analysis is that the number of victims is higher than thought.
Concerted action
The Modern Slavery Bill going through Parliament aims to provide courts in England and Wales with new powers to protect people who are trafficked into the countries and held against their will. Scotland and Northern Ireland are planning similar measures.
BBC
Egipto: Boas notícias para Mubarak
A court in Egypt has dropped the case against former President Hosni Mubarak of conspiring to kill protesters during the 2011 uprising against him.
The courtroom erupted in cheers when the judge concluded Mubarak's retrial by dismissing the charges which relate to the deaths of hundreds of people.
He was also cleared of a corruption charge involving gas exports to Israel.
Mubarak, 86, is serving a separate three-year sentence for embezzlement of public funds.
The court, which met at a Cairo police academy, also cleared Mubarak's former Interior Minister, Habib al-Adly, and six other security officials of wrongdoing over the deaths in 2011.
Mubarak and his former interior minister were convicted of conspiracy to kill and sentenced to life in prison in June 2012 but a retrial was ordered last year.
'Same regime'
Relatives of those killed in 2011 had awaited Saturday's verdict with trepidation.
Amal Shaker with a photo of her son Ahmed, killed during the 2011 uprising, in Cairo, 25 November Amal Shaker with a photo of her late son Ahmed: "Youth that were like flowers were killed"
Mahmoud Ibrahim Ali, whose wife was killed, had little faith in the judiciary, believing it simply did the government's bidding.
"The regime is the same," he told AP news agency. "Names have changed but everything is the same.''
Amal Shaker, mother of 25-year-old Ahmed who was fatally shot in the back during the 2011 uprising, said before the announcement that she was still waiting for justice.
"Youth that were like flowers were killed," she told AP news agency. "Four years have passed, where is the trial?"
Mubarak's elected successor as president, Islamist Mohammed Morsi, lasted only a year in power before being ousted by the military in July 2013 during mass anti-government protests.
Army chief Abdul Fattah al-Sisi was subsequently elected in his place and under his rule, TV stations and newspapers have largely dropped criticism of the Mubarak era, correspondents say. BBC
28.11.14
A conjugação do verbo rapinar
Encomendou el-rei D. João, o Terceiro, a S. Francisco Xavier o informasse do estado da Índia, por
via de seu companheiro, que era mestre do Príncipe; e o que o santo escreveu de lá, sem nomear
ofícios nem pessoas, foi que o verbo rapio na Índia se conjugava por todos os modos. A frase
parece jocosa em negócio tão sério, mas falou o servo de Deus como fala Deus, que em uma palavra
diz tudo. Nicolau de Lira, sobre aquelas palavras de Daniel: Nabucodonosor rex misit ad
congregandos satrapas, magistratus et judices, declarando a etimologia de sátrapas, que eram os
governadores das províncias, diz que este nome foi composto de sat e de rapio: Dicuntur satrapae
quasi satis rapientes, quia solent bona inferiorum rapere: Chamam-se sátrapas, porque costumam
roubar assaz. E este assaz é o que especificou melhor S. Francisco Xavier, dizendo que conjugam o
verbo rapio por todos os modos. O que eu posso acrescentar, pela experiência que tenho, é que não só
do Cabo da Boa Esperança para lá, mas também das partes daquém, se usa igualmente a mesma
conjugação. Conjugam por todos os modos o verbo rapio, porque furtam por todos os modos da arte,
não falando em outros novos e esquisitos, que não conheceu Donato nem Despautério. Excerto do Sermão do Bom Ladrão, do Padre António Vieira 28 de Novembro de 2014
27.11.14
Portugal: As promessas por cumprir
Começamos um novo ano, com alguns 850.000 desempregados, mais do dobro do que eram há oito anos; com centenas de milhares de pessoas a ganhar menos de 500 euros mensais, largas centenas de sem-abrigo, cegos a pedir no metropolitano, romenos e búlgaros andrajosos a pedir pelas ruas...
Este é o retrato do Portugal que temos, com seis ou sete milhões de cidadãos a auferir muito pouco e talvez três milhões a viver razoavelmente bem, com salários acima dos 1.980 euros, boas residências, carro, férias no estrangeiro.
Quer dizer: 27 por cento da população portuguesa será possivelmente rica ou remediada; mais de 60 por cento é decerto pobre, andando a pastar gado, a lavrar um pouco de terra ou a receber salários que são uma lástima.
Enquanto houver portugueses com menos de 500 euros de rendimento mensal, portugueses sem um bom sistema de saúde, reformas inferiores a 450 euros, a nossa consciência não se pode sentir tranquila.
Dirão alguns que progredimos bastante de há 40 anos para cá. É possível; pelo menos em alguns aspectos. Mas isso não chega. É preciso muito e muito mais, para cumprir os desígnios de todos aqueles que ao entrar 1974 sonhavam com um mundo melhor, mais justo, e julgavam ingenuamente que isso seria possível quando desaparecesse a governação de um só partido.
Só que, o problema não era apenas um determinado sistema político; mas sim muitos milhares de homens que são injustos e não se preocupam devidamente com o seu semelhante, desde que eles e as famílias estejam bem.
As esperanças da Primavera Marcelista e do Abril de 74 não foram integralmente concretizadas. Muita coisa continua por corrigir.
Jorge Heitor 29 de Dezembro de 2013
no Blog Comunidades.Net
Moçambique: Regresso ao confronto armado?
Salvo melhor interpretação, tudo parece indicar
que os principais líderes políticos moçambicanos
continuam determinados a, ciclicamente, repetir
os mesmos erros, quando podiam, querendo,
experimentar novos e diferentes.
Tudo indica, por assim dizer, que desta vez o
intervalo das hostilidades armadas será curto, aliás
curtíssimo, comparado com aquele que durou perto
de 21 anos, se nada de sério e rápido for feito.
Alguns dirão que sou pessimista, mas como em
momentos anteriores, alertas destes não faltaram,
porém foram ignorados e deu no que deu. Pena
que depois de centenas de cadáveres plantados na
terra os responsáveis dos grupos dinamizadores
da guerra se sentam, conversam, assinam pactos
de paz (podre) e convivem, enquanto os “pobres
coitados” já perderam os seus entes queridos e
bens materiais e nem são tidos nem achados.
Nos últimos tempos renovados sinais dão a
entender que Moçambique parece caminhar, de
novo, a passos largos para mais uma confrontação
militar, senão vejamos:
- fala-se de agrupamentos e reforços de contingentes
militares do Governo em diversas regiões
do país, com maior enfoque para o Centro (dirão
alguns que é legítimo exercício governamental).
- há dias multiplicou-se um “bate-boca” por causa
da visita do vice-ministro do Interior, José Mandra,
ao acampamento de onde em 21 de Outubro de 2013,
depois de lá viver exactamente um ano, o líder da
Renamo, Afonso Dhlakama, foi afugentado, a tiros,
por uma coligação das Forças de Defesa e Segurança
(FDS), em Sadjundjira. De novo, os legalistas dirão
que se trata de um exercício legítimo do Governo.
- foi noticiado que os “homens armados residuais
da Renamo” impedem a circulação de pessoas
e bens nas zonas sob sua influência/controlo
(eles alegam que desconfiam das reais intensões
de algumas delas).
- inevitavelmente, de seguida surgiram acusações
de parte a parte (Governo/Renamo) de violação
do pacto de cessação das hostilidades celebrado
a 5 de Setembro deste 2014 pelo actual Chefe de
Estado, Armando Guebuza, e o líder da Renamo
(seguido de uma animada patuscada de ambos e
outros convivas na Presidência da República).
- ... e quando alguns políticos tanto da Renamo
como do Governo/Frelimo (mesmo os que se acreditava
serem “reservas morais” sociais) cada vez que
abrem a boca, na media, falam apenas babozeiras
que só atiçam o ódio e animam a violência. Editorial do Correio da Manhã, de Maputo
25.11.14
Sócrates levou-nos ao descalabro
Quarta-feira, 25.06.14
Sejamos Consequentes
Por António Gomes Marques, Henrique Neto, Joaquim Ventura Leite e Rómulo Machado
Foi com alguma surpresa que na passada sexta-feira lemos em dois jornais, “Público” e i, que quatro notáveis militantes do Partido Socialista – Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Vera Jardim e Almeida Santos – tomaram uma posição pública na actual contenda partidária do PS, pedindo urgência na solução do diferendo, posição que, intencionalmente ou não, é nas actuais circunstâncias favorável à candidatura de António Costa, mas dizendo, apesar de tudo, o que deveria ser para todos óbvio: “um partido não existe para si mesmo” e que “a prioridade é sempre Portugal”.
É esta frase óbvia que nos obriga a publicar este texto. Porque dificilmente haveria um outro tempo em que a frase tivesse tido maior oportunidade em ser usada do que durante os seis trágicos anos do descalabro económico, financeiro e social, que foi a governação de José Sócrates. Infelizmente, estas quatro relevantes personalidades do Partido Socialista mantiveram-se quase sempre caladas durante esse período, ou pior, colaboraram com as diatribes do então secretário-geral e primeiro-ministro, incluindo actos pouco democráticos, como alguns dos protagonizados pelo Dr. Almeida Santos. Nesse período sempre verificámos com angústia, como certamente muitos outros portugueses e socialistas, que o interesse nacional andou a reboque dos interesses partidários do grupo no poder, sem que isso tivesse conduzido a uma posição tão relevante como a que agora foi tornada pública.
Temos a plena consciência de que esta nossa tomada de posição é impopular em muitos sectores, fora e dentro do PS, na justa medida em que nos habituámos a venerar acriticamente os nossos maiores, aqueles que com maior ou menor razão e justiça se guindaram ao topo do poder político em Portugal. Fazemo-lo porque, como alguns outros socialistas, ganhámos esse direito durante esses seis anos, porque como militantes socialistas fomos ignorados nas nossas críticas, frequentemente vilipendiados, apenas por denunciar os erros, os jogos de interesses e os estragos que a governação do PS estava a infligir a Portugal. Escrevemos dezenas de textos, participámos em dezenas de programas de rádio e de televisão e, como alguns outros, sofremos o silêncio cúmplice de quem tinha a obrigação e o poder de evitar que o PS conduzisse Portugal para os braços da dependência internacional e para o sacrifício de milhões de portugueses.
Sejamos sérios, o actual governo de maioria PSD/CDS é um mau governo, que não sabe ou não quer evitar mais sacrifícios aos portugueses, mas não foi este Governo que preparou o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições. Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal. Inversamente, fazer voltar ao poder político os mesmos que no PS conduziram Portugal para o desastre, é um crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista.
Lisboa, 24 de Junho de 2014
Portugal: A lista negra
Oxalá houvesse um golpe, uma reviravolta, uma mudança radical da política portuguesa destes últimos nove anos, que tem sido desastrosa, apertando cada vez mais o cidadão, diminuindo-lhe o poder de compra, sobrecarregando-o de impostos.
Desde que Durão Barroso partiu para Bruxelas e passou a pasta a Santana Lopes, isto tem vindo de mal a pior.
Diminuíram substancialmente os prémios anuais que alguns recebiam, deixou de haver aumento de salários que ao menos acompanhassem a inflacção, cortaram-se os subsídios de férias e de Natal, elevaram-se os impostos a um nível incomportável, nomeadamente para os reformados, que chegaram a ficar com menos 420 ou 430 euros, etc.
O mínimo que podemos fazer é dizer bem alto, é escrever em todos os blogs possíveis, que não concordamos com o que tem vindo a acontecer de 2003 para cá, que não gostamos da inércia do Presidente da República, que exigimos uma Salvação Nacional.
Quando fez o terrível disparate de se candidatar à Presidência da República, minando a candidatura de Manuel Alegre, Mário Soares contribuiu para que Cavaco Silva chegasse a Belém, pelo que, também ele, é um dos responsáveis por este estado de coisas.
Mário Soares, Cavaco Silva, José Sócrates e Pedro Passos Coelho devem fazer parte de uma lista negra, de uma lista de pessoas que nos últimos nove ou 10 anos tornaram muito mais difícil viver em Portugal.
Espero bem que, a haver eleições legislativas dentro de dois anos, mais de metade dos portugueses tenha o discernimento suficiente para não votar PS nem PSD. Tão depressa nenhum destes partidos deveria ficar em posição de conseguir formar novo Governo. O balanço de ambos é altamente negativo.
Jorge Heitor 14 de Fevereiro de 2013 no Blog Comunidades.Net
Como escrevi isto há perto de dois anos, são agora 11 os anos ao longo dos quais temos vindo a regredir. Estamos bem pior do que em 2002 ou em 2003. Perdemos a vontade de viver. Sobrevivemo0s, com muito custo.
24.11.14
Temos vivido num pântano
De há uns 15 anos para cá, isto tem sido um pântano; vivemos na aflição.
Há milhares de pessoas a ir às corridas de toiros e a fazer férias nas Américas ou na Ásia. Mas há milhões que não vão ao teatro, nem à ópera, nem ao bailado ou às livrarias.
Há milhões de portugueses que não fazem férias no estrangeiro nem vão aos festivais de rock.
Não nos podemos iludir com a desenvoltura de uns quantos, sete ou oito por cento da população.
O que importa é que a maioria não chega a ganhar 2.000 euros e tem cada vez mais dificuldades para manter a casa e o carro.
O que importa é a imensa maioria que não tem de forma alguma quatro ou cinco mil euros de reserva no banco.
Enquanto houver tanta desigualdade, não podemos deixar de protestar, nem estar de acordo com nenhum partido que já tenha governado nestes últimos 15 anos e que deseje agora obter 35 ou 37 dos nossos votos. Como se os merecesse.
Não nos podemos calar, pois que já sofremos demais. Jorge Heitor
Outubro de 2012 no Blog Comunidades.NET
Portugal: Quinze anos de retrocesso
Existe uma tremenda desigualdade entre alguns portugueses ricos e muitos portugueses pobres.
Algumas famílias têm sete vezes o rendimento de outras, o que é escandaloso. Enquanto uns auferem mais de 2.600 euros ao fim do mês, outros (pensionistas, por exemplO)nem sequer chegam aos 390, o que é verdadeiramente aflitivo.
Ministros, secretários de estado, deputados e empresários vão a safaris, fazem férias na neve, conhecem Nova Iorque e o Brasil. Varredores de rua e condutores da Carris nunca passaram além dos Pirenéus e têm de se contentar muitas vezes com uma ida ao Jardim Zoológico ou à Costa da Caparica.
Juízes, advogados, arquitectos assistem aos musicais em Londres e fazem cruzeiros no Mediterrâneo. A mulher da limpeza vai uns dias à terra, no Alentejo ou nas Beiras.
Páginas e páginas de jornais com notícias de espectáculos. Para quem? Não será certamente para mais de meio milhão de desempregados ou para os dois milhões de portugueses que nem sequer chegam a receber 395 euros ao fim do mês.
Enquanto esta situação não se resolver, o país não se pode dar por satisfeito, nem está de forma alguma a caminho do socialismo, como pretendiam alguns líricos do 25 de Abril.
As grandes fortunas têm de ser taxadas a 45 %, para que o ordenado mínimo nacional vá acima dos 500 euros e para que se criem mais postos de trabalho com salários de 600, 790 ou 880 euros, de modo a que não se passe fome.
Cavaco Silva, Assunção Esteves, Passos Coelho, Paulo Portas e António José Seguro têm de se preocupar muito a sério com estes problemas, sob pena de perderem por completo o respeito da Nação.
Quase tudo está muito pior do que estava há oito ou há 13 anos. Este país tem vindo a retroceder, profundamente, em muitos aspectos. JH
Outubro de 2012, no Blog Comunidades.Net
Sócrates: O que eu pensava há dois anos
O antigo Presidente Mário Soares quer novo Governo, mas sem eleições, pois que decerto não acreditará que os seus queridos socialistas venham a ser capazes de contabilizar muito mais de 34 por cento do voto dos portugueses.
Só um povo muito pouco esclarecido é que iria agora dar 36 por cento ou mais dos seus votos ao partido de Mário Soares, de José Sócrates e de Francisco Assis.
O PSD já demonstrou não estar à altura das esperanças que alguns teriam depositado nele no ano passado, mas o regresso ao PS também não me parece uma boa solução, pois que temos de ter presentes muitas coisas ocorridas há três ou há quatro anos.
Nem um nem outro desses partidos merecem nas presentes circunstâncias receber o voto de 33, 35 ou 36 por cento dos portugueses, sendo pois necessário procurar outras forças políticas, que ainda não tenham sido para nós uma tão grande desilusão, nesta última dúzia de anos.
Ou então que se forme um Governo sobretudo de tecnocratas, uma grande coligação de competências, deixando à margem as direcções partidárias.
Seja como for, não podemos continuar por mais tempo nos caminhos que temos vindo a trilhar desde o fim do século passado, pois que eles nos levaram ao desastre. Jorge Heitor Outubro de 2012
Portugal: Um país de desigualdades
Números divulgados pelo PÚBLICO em 15 de Janeiro de 2006 davam razão a uma coisa que eu já antes dissera: existe uma tremenda desigualdade entre alguns portugueses ricos e muitos portugueses pobres.
Algumas famílias têm mais de sete vezes o rendimento de outras, o que é escandaloso. Enquanto uns auferem mais de 4.500 euros ao fim do mês, outros nem sequer chegam aos 500, o que é verdadeiramente aflitivo.
Ministros, secretários de estado, deputados e empresários vão a safaris, fazem férias na neve, conhecem Nova Iorque e o Brasil. Varredores de rua e condutores da Carris nunca passaram além dos Pirenéus e têm de se contentar com uma ida ao Jardim Zoológico ou à Costa da Caparica.
Juízes, advogados, arquitectos assistem aos musicais em Londres e fazem cruzeiros no Mediterrâneo. A mulher da limpeza vai uns dias à terra, no Alentejo ou nas Beiras
Páginas e páginas de jornais com notícias de espectáculos. Para quem? Não será certamente para mais de meio milhão de desempregados ou para os dois milhões de portugueses que nem sequer chegam a receber 500 euros ao fim do mês.
Enquanto esta situação não se resolver, o país não se pode dar por satisfeito, nem está de forma alguma a caminho do socialismo, como pretendiam alguns líricos do 25 de Abril.
As grandes fortunas têm de ser taxadas a mais de 43%, para que o ordenado mínimo nacional vá acima dos 530 euros e para que se criem mais postos de trabalho com salários de 580, 600, 790 euros, de modo a que não se passe fome.
Cavaco Silva, Pedro Passos Coelho e outros políticos têm de se preocupar com estes problemas, sob pena de merecerem o desprezo da maioria da Nação e ninguém mais os poder ver à frente.
Jorge Heitor 16 de Março de 2013 no Blog Comunidades.Net
Tunísia: A caminho da segunda volta
Le premier tour de la présidentielle tunisienne s'est tenu dimanche avec un taux de participation d'environ 64 %. Selon les premières estimations à la sortie des urnes, Béji Caïd Essebsi devance Moncef Marzouki et les deux rivaux devront donc se départager lors d'un second tour prévu le 28 décembre.
Les résultats préliminaires du premier tour de la présidentielle ne seront annoncés que le 26 novembre, mais les Tunisiens savent déjà que la seconde et dernière manche du scrutin se jouera le 28 décembre entre Béji Caïd Essebsi, fondateur de Nida Tounes, et le président sortant, Moncef Marzouki.
Diverses estimations à la sortie des urnes donnent un écart d’au minimum 10 points entre les deux candidats, soit deux fois plus que les pronostics des derniers sondages avant le vote (42,6% pour BCE contre 32,7 pour Marzouki, selon Sigma Conseil, par exemple).
La première élection présidentielle libre qu’a connu le pays depuis son indépendance est historique, mais elle aurait pu virer au fiasco, après une campagne électorale qui a tourné au pugilat verbal. Jusqu’en début d’après midi de dimanche, le taux de participation avoisinait les 18 %, il a fallu que les partis, mais également l’Instance indépendante Supérieure des élections (Isie), battent le rappel des électeurs pour clore la journée avec 64,4 % de taux de participation.
Confirmation des législatives
Les premiers résultats de la présidentielle confirment les orientations des législatives, les Tunisiens boudant Kamel Morjane et Mondher Zenaidi, figures politiques issues de l’ancien régime, mais aussi Ahmed Nejib Chebbi et Mustapha Ben Jaafar. L'avance de Béji Caïd Essebsi annonce sa probable victoire au second tour et exprime la volonté de l'électorat d’ancrer le pays dans une certaine modernité ou, à tout le moins, dans une rupture certaine avec l'époque de la troïka gouvernementale menée par les islamistes d'Ennahdha à partir d'octobre 2011.
Même s'il n'arrive qu'en seconde position, Moncef Marzouki ne fait pas un mauvais résultat. Il a conduit sa campagne tambour battant, et il a surtout su capter une part de l'électorat d’Ennahdha et des membres des Ligues de protection de la révolution (LPR). Une stratégie qui ne l’a pas empêché à l’annonce des sondages de sortie des urnes de se présenter comme candidat naturel de la famille démocrate et d’appeler à un report de voix d'autres candidats en sa faveur.
Hammami et Riahi à la manoeuvre
Hamma Hammami, porte parole du Front Populaire et Slim Riahi, fondateur de l’Union Patriotique Libre (UPL), arrivés respectivement en troisième et quatrième position, vont pouvoir négocier leurs voix contre des charges au sein du futur gouvernement et pourraient faire définitivement pencher la balance en faveur de Béji Caïd Essebsi. Mais quelles que soient les manœuvres des prochains jours, les Tunisiens sont avant tout fiers d’avoir accompli un pas de plus vers la démocratie. Nombre d'entre eux estiment qu’une nouvelle classe politique doit émerger, mais il leur faudra attendre encore début 2015 pour tourner officiellement la page de la transition avec l'installation d'un président et d'un gouvernement issus du suffrage universel.
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Frida Dahmani, à Tunis
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23.11.14
Tunísia: Presidenciais pouco participadas
À la mi-journée, le taux de participation à la présidentielle tunisienne était de 11,85 %. Un faible intérêt de la population pour le scrutin, qui ne lui enlève pas son caractère historique.
"Aujourd’hui, c’est le peuple qui parle. Plus de 10 semaines de campagne entre législatives et présidentielle, c’est lourd. Nous sommes soulagés d’en voir la fin", affirme Rafet, un cadre de banque qui s’est présenté au bureau de vote de la Cité olympique à Tunis dès 8 heures du matin.
Rafet aurait pourtant pu s’éviter un réveil aux aurores. Le scrutin, pour la première élection présidentielle libre du pays, n’attire pas grand-monde. Prévu par les instituts de sondages, le faible taux de participation constaté à la mi-journée sur le territoire tunisien (11,85% selon l’Instance supérieure indépendante pour les élections - ISIE) est venu confirmé la participation totale constatée de la communauté résidente à l’étranger (16,87 %).
Les Tunisiens n’ont donc pas été sensibles aux appels pressants lancés il y a quelques jours par Chawki Abid, ancien conseiller de Moncef Marzouki, qui jusqu’à la dernière minute poussait à ce que "chaque électeur choisisse le porteur de ses principes, le défenseur de ses valeurs et le projecteur de sa vision".
Les jeunes, surtout, semblent être les grands absents de cette journée que beaucoup de votants qualifient néanmoins d’historique. L’un des rares électeurs de moins de vingt ans présent ce matin au bureau de la Cité olymique s’exclame : "Ces élections sont paradoxales. Les jeunes votent pour un vieux, Béji Caïd Essebsi, les bourgeois votent pour un communiste, Hamma Hammami, les islamistes votent pour un athée, Moncef Marzouki, et les prolétaires votent pour un multimilliardaire, Slim Riahi... "
Une abstention qui devrait profiter à Béji Caïd Essebsi
Selon certaines analyses, la démobilisation serait due au fait que le parti islamiste Ennahdha n’a donné aucune consigne de vote en se réservant la possibilité de soutenir un candidat au second tour, dût-il y en avoir un. La désaffection des urnes semble profiter à Béji Caïd Essebsi, 87 ans, qui pourrait obtenir la clé du palais de Carthage dès ce soir.
Déjà annoncé en bonne position par rapport à son principal rival, le président par intérim Moncef Marzouki, il semble rallier les moins démotivés. "Le candidat que je préfère a peu de chances de passer, alors j’ai voté Caïd Essebsi", explique Meriem qui assure que "même avec un fort taux d’abstention, l’idéal serait de clore ces présidentielles dès le premier tour. Les Tunisiens sont fatigués et voudraient en finir avec l’instabilité politique."
Malgré l’interdiction de sondages en sortie d’urnes décrétée par l’ISIE, les Tunisiens devraient être fixés sur le résultat du scrutin dès ce soir. Les médias ont déclaré vouloir les annoncer, estimant que l’interdiction allait à l’encontre du droit à l’information.
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Frida Dahmani, à Tunis
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Há muito que Portugal não está bem
O antigo Presidente Mário Soares afirmava em Janeiro de 2008 que Portugal "está bem". E não o preocupava a existência de perto de 580.000 desempregados, pessoas a sofrer e prontas para tudo: suicídio, roubo, prostituição.
Portugal só está normalmente bem para antigos e actuais chefes de Estado, primeiros-ministros, deputados, empresários...
Não está bem para os que se encontram desempregados ou apenas ganham 1.600 ou 1.700 euros ao fim do mês, quando o aluguer de uma casa já chega aos 670 euros.
Não está mesmo nada bem para a maioria da população, que vive num mundo completamente à parte dos que têm para cima de 13.000 euros no banco, casas em bom estado, grandes carros, rendimentos mensais acima dos 2.800 euros, etc.
Há um Portugal fictício, para 10 ou 12 por cento da sua população. E um Portugal bastante duro, para a imensa maioria. Mário Soares só há pouco é que o começou a perceber, pois que quando em Janeiro de 2008 os socialistas se encontravam a governar ele passava por cima disso. Jorge Heitor 25 de Setembro de 2012
Blog Comunidades.Net
Sócrates: Um homem que amordaçou M. Alegre
O monumento a Manuel Alegre a ser inaugurado em breve na cidade de Coimbra e cuja fotografia o Expresso publicou faz lembrar um colete de forças, não dando bem a imagem de liberdade que se desejaria.
Na altura em que o poeta está a ser amordaçado pelos seus próprios camaradas, que lhe bloqueiam uma candidatura à Presidência da República, não parece de muito bom tom uma estátua em que o pobre, descalço, aparece envolto numa capa de estudante que lhe tolda os movimentos.
Que mais é que poderia agora acontecer a este senhor, que é uma das figuras maiores da nossa literatura? Ao menos. que conte com a simpatia de todos os que constantemente são oprimidos.
Jorge Heitor 28 de Agosto de 2005
---Cinco anos depois, quando o PS e o Bloco procuraram finalmente rectificar o erro que tinham feito, era já demasiado tarde. A água não passa duas vezes por baixo das mesmas pontes. E o monumento, note-se, foi da iniciativa de uma vereação social-democrata, que nunca o PS de Mário Soares e José Sócrates se lembraria de erguer uma estátua a tão grande poeta.
Sócrates: Em 2006 chamei-lhe "arrogante"
Jorge Sampaio, Jaime Gama, Vitor Constâncio, António Vitorino, Manuel Alegre, João Cravinho, José Lamego, Luís Amado e Carlos César são alguns dos socialistas mais conhecidos em Portugal nestes últimos anos e alguns daqueles cuja opinião irá pesar quando esse partido se reunir em congresso. Mas também José Manuel Medeiros Ferreira ou António Costa.
Reformado Mário Soares e tendo António Guterres partido para outras actividades, Gama, Constâncio, Vitorino, Alegre e Cravinho são nesta altura nomes com que os socialistas terão de contar se acaso se arrependerem de ter dado um lugar de chefia a José Sócrates, que talvez não fosse a pesssoa mais indicada para isso.
Há quem o ache arrogante e quem o considere estridente, pelo que não se apresenta com condições para ser um político simpático, que agrade a um grande número de portugueses. Poderá, por isso, ser mais um chefe de transição, como o foi Eduardo Ferro Rodrigues.
De qualquer forma, as autárquicas e as presidenciais dos últimos quatro meses já mostraram bem o declínio do PS, que não está hoje em dia com qualquer hipótese de mobilizar sequer a simpatia de 43 por cento dos portugueses. O clientelismo de que muitas vezes se rodeou a nível autárquico contribuiu para denegrir a sua imagem.
Este é um dos dados a ter em conta quando se reflectir sobre Portugal neste primeiro trimeste de 2006.
Jorge Heitor (no blog Comunidades)
Sócrates: Editorial do PÚBLICO
Detenção provoca
terramoto político
A PGR confirmou ontem que José
Sócrates foi detido no âmbito de
um inquérito em que se investigam
suspeitas de crimes de fraude
fiscal, branqueamento de capitais
e corrupção. Para além do ex-primeiro-ministro,
na quinta-feira já tinham sido
detidos um empresário, um advogado e
um motorista, num inquérito que investiga
“operações bancárias, movimentos e
transferências de dinheiro sem justificação
conhecida e legalmente admissível”.
A detenção de um antigo primeiro-ministro
para interrogatório é um
facto inédito na história da democracia
portuguesa. Salvaguardando o princípio
da presunção de inocência (para Sócrates
e para todos os que estão envolvidos em
José Sócrates foi detido. É inédita
em Portugal a detenção de um
ex-primeiro-ministro. E agora?
casos de justiça que ainda não transitaram
em julgado), a verdade é que nos últimos
tempos têm-se acumulado os casos de
investigações, detenções e condenações
de ex-titulares de cargos políticos e altos
quadros do Estado. Os mais optimistas dirão
que é a justiça a funcionar. Os mais cépticos
ainda desconfiam. Mas a verdade é que hoje
é inegável que a justiça está mais à vontade
(em termos de meios e de enquadramento
legal) para lidar com casos de criminalidade
económica mais sofisticada.
Mesmo quem possa olhar para a justiça
com optimismo, também não se pode
deixar de indignar e estranhar a “recepção”
de que Sócrates foi alvo no aeroporto, onde
era aguardado por câmaras de televisão.
Esta aparente fuga de informação levanta
suspeitas de uma desnecessária procura de
protagonismo por parte da justiça.
A notícia da detenção de Sócrates caiu que
nem uma bomba no meio político, num fim-de-
semana recheado de eventos partidários.
Além da IX Convenção do Bloco, cerca de
47 mil militantes socialistas elegiam António
Costa para o cargo de secretário-geral do
PS. Com muitos microfones à procura de
uma primeira reacção, a generalidade dos
partidos políticos esteve à altura de um
momento delicado em que não se devem
antecipar julgamentos e condenações.
No PS, onde alguns como Ferro
Rodrigues ainda chegaram a ensaiar uma
espécie de reabilitação política de José
Sócrates, a notícia da detenção do ex-líder
provocou, num primeiro momento,
perplexidade. E num segundo momento,
um enorme embaraço. Se até hoje no Largo
do Rato havia uma grande dificuldade em
lidar com a herança da governação de José
Sócrates, agora o assunto passou a ser
de extrema delicadeza dada a gravidade
das suspeitas que recaem sobre o antigo
primeiro-ministro. António Costa sabe que
não será fácil blindar o partido e separar
águas, numa altura em que falta menos
de um ano para as legislativas. Mas esteve
bem em apelar para que os eventuais
“sentimentos de solidariedade e amizade
pessoais” não se confundam com a acção
política. À justiça o que é da justiça. Aos
partidos exige-se que saibam lidar com as
réplicas que este terramoto na justiça irá
provocar no terreno político.
21.11.14
Burkina: Compaoré foi até Marrocos
L'ancien président burkinabè, Blaise Compaoré, qui a démissionné le 31 octobre avant de s'exiler en Côte d'Ivoire, a quitté Yamoussoukro pour le Maroc.
Mis à jour le 21/11/2014 à 8h15.
Accompagné de sa femme Chantal et de membres de sa famille, Blaise Compaoré a quitté jeudi 20 novembre la Côte d'Ivoire, où il était en exil depuis sa démission, le 31 octobre, pour rejoindre le Maroc. L'ancien chef de l'État burkinabè et ses proches ont quitté dans l'après-midi Yamoussoukro, où ils se trouvaient depuis trois semaines, à bord d'un avion affrété spécialement - sans que l'on sache si l'appareil appartenait à la Côte d'Ivoire, au Maroc ou s'il s'agissait d'un jet privé.
>> Lire aussi Burkina : le récit de la chute de Compaoré, heure par heure
Selon une source à la présidence ivoirienne, le départ de l'ex-président du Faso n'est pas définitif, Blaise Compaoré étant "amené à revenir". De leur côté, les autorités marocaines n'ont, pour l'heure, fait aucun commentaire. Le roi du Maroc a en revanche adressé jeudi un "message de félicitations" au président intérimaire, Michel Kafando, au surlendemain de sa prestation de serment. "Votre désignation (...) répond à la volonté du peuple du Burkina Faso d'aller de l'avant sur la voie de la consolidation de la démocratie", a déclaré Mohammed VI, selon l'agence officielle MAP.
Le souverain a par la même exprimé le "soutien constant du Maroc" et réaffirmé sa "ferme détermination à œuvrer, de concert avec M. Kafando, pour conférer une dynamique renouvelée aux relations de coopération fructueuse et de solidarité agissante".
De bonnes relations avec les Marocains
Blaise Compaoré a été chassé le 31 octobre par la rue après 27 années de règne pour avoir voulu réviser la Constitution afin de se maintenir au pouvoir. Le jour de sa démission, il avait été exfiltré du Burkina Faso vers Yamoussoukro grâce à des moyens militaires français. Il est réputé avoir de bonnes relations avec les autorités marocaines.
Sa présence en Côte d'Ivoire avait été considérée par Abidjan comme une "évidence" à son arrivée. Mais elle faisait polémique du fait de son action très controversée durant la décennie de crise politico-militaire ivoirienne (2002-2011). Pour les partisans de l'actuel président ivoirien Alassane Ouattara, Blaise Compaoré est un "faiseur de paix" car il parraina les accords de paix de Ouagadougou de 2007. À l'inverse, il est détesté par les soutiens de Laurent Gbagbo, pour lesquels il est celui ayant armé et formé la rébellion qui tenta un coup d'État contre l'ancien président en 2002, provoquant une durable partition du pays. "Il y avait beaucoup de rumeurs liées à sa présence en Côte d'Ivoire, a souligné une source sécuritaire. À ce niveau-là, son départ va faire du bien".
(Avec AFP)
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20.11.14
Timor-Leste: As dificuldades do processo
Guteriano Neves
Presented at the 10th EWC International Graduate Student Conference,
February 18th, 2011, Honolulu, Hawaii
Introduction
High dependency on petroleum revenues, high unemployment among youth, institutional fragility, poor infrastructure, and lack of social services are various problems that Timor-Leste’s people have been facing from 1999 to the present.
Because of this background, terms like “fragile” and “failed” state are frequently used to label Timor-Leste. In the light of the current circumstances, the question emerges among Timorese and scholars is “what happened with the billions of dollars that have been spent under the banner of peace building?”
This paper assumes that peace is not only about the absence of the war, but also about the conditions for democratic governance, rule of law, and sustainable development.
Based upon this assumption and looking at the current circumstance, this paper argues that foreign aid has failed to establish conditions for long-term peace and stability in Timor-Leste, which is the main objective of international community over the last eleven years.
Among various aspects that have contributed to its failure, this paper focuses attention on three aspects: decision-making, economic development, and community development.
Who decides for whom?
Foreign aid, in Timor-Leste’s context, is used exclusively to describe all “grants,” including military assistance, technical assistance, and economic assistance given by donor countries since 1999 to Timor-Leste under the banner of “peace-building.”
There are no precise numbers of how much foreign aid has been given to Timor-Leste because of inconsistencies in data availability, and different sources. Timor-Leste’s Institute for Reconstruction and Development, La’o Hamutuk (2009) estimates that “between mid-1999 and mid-2009, bilateral and multilateral agencies spent approximately $5.2 billion U.S. dollars on programs related to Timor-Leste.”
According to Aljazeera Report (2009), between 1999 and 2009, Timor-Leste received $8.8 billion dollars, which means that every Timorese received $8,000 dollars. This is one of the highest per capita rates of international aid.
As the aid began to flow to the country by late 1999, alongside it, many multilateral and bilateral institutions, international Non Governmental Organizations (NGOs), and policy experts from various countries came with a noble mission, “to help Timor-Leste.” These institutions and scholars also came with their own backgrounds and expertise, along with the expectation that that Timor-Leste needed to work alongside them to build the country after its being left in ruins by the Indonesian military and militias.
Yet these institutions and scholars had very little knowledge about the history of the country and do not know how to communicate with the local people. They will nonetheless make decisions about Timor’s future. Among various institutions, there are some that play critical roles in shaping policy, thus worthy of further discussion.
The first of all is the United Nations and its agencies. From 1999 till today, there have been four types of UN missions in Timor-Leste with different mandates. After massive destruction by the Indonesian military in 2002, the United Nations Security Council established United Nations Transitional Administration for East Timor (UNTAET) to govern the country throughout the transitional period, and also to prepare Timorese for self-government.
In order to carry out its mandate, UNTAET was empowered with full mandate to fully govern the country as a “sovereign” entity.
More important than that, the UNTAET also ruled as “authoritarian” regime, where all powers; executive, legislative, and judiciary, were under the purview of the Special Representative of the Secretary General. United National Mission of Support in East Timor (UNMISET) is another UN mission that was established in 2002, to continue providing support for Timor-Leste.
UNMISET’s support covered several important sectors such as public administration, security, and law enforcement. Although its mandate was to support, UNMISET’s mission was characterized by a lack of consultation and coordination with local authorities, lack of coordination among donor partners, and some decisions were under the full control of the UNMISET. The United Nations Integrated Mission (UNMIT), which was established in 2006, continues to support Timor-Leste in critical areas, such as security-sector reform, human rights, governance and economic development until today.
Alongside the UN, the International Financial Institutions - the World Bank, the International Monetary Fund (IMF) and the Asian Development Bank (ADB) – have also played roles in the process. Right after the Indonesian military withdrew, the World Bank led a “Joint Assessment Mission” to Timor-Leste to identify Timor-Leste’s reconstruction needs.
The result of this mission was a report, which was later submitted to First Donor Conference in Tokyo. Based on the report, the donors decided to allocate their funding. Between 1999 and 2006, the World Bank, together with the Asian Development Bank and ADB were entrusted with the management of the Trust Fund for East Timor (TFET). Through this channel, various crucial development programs, such as the Agricultural Rehabilitation Project (ARP), Community Empower Projects, Health and Education Rehabilitation Projects, were funded.
The World Bank was also entrusted by the donor to supervise direct budget support for the Timor-Leste’s government through Transitional Support Program (TSP). From 2006 to date, these institutions are still playing roles in policy recommendations, and providing advisors to help Timor-Leste’s government.
Bilateral aid agencies such as the Australian Agency for Internatinoal Development (AusAid), the U.S. Agency for International Development (USAID), the Japanese International Cooperation Agency (JICA), and the European Commission Humanitarian Aid Department (ECHO) are also important actors in the reconstruction and development of Timor-Leste. These agencies manage various development projects in education, agriculture, private sector development, law enforcement, and infrastructure, which are funded through bilateral cooperation programs.
Moreover, they also manage to hire, and pay international advisors, who assist capacity-building in important state and public institutions. Some bilateral projects were co-implemented with the UN agencies, such as UNDP, UNOPS, and others. The structure of these agencies is embedded with their respective governments. Therefore, the donor’s agenda determines how these agencies operate in the field rather than the realities on the ground determining how they function. In other words, it is not the reality on the ground that will shape how these agencies operate, but the policy from Washington, New York, Canberra, Tokyo, and Lisbon that affects development policies on the ground.
Spend in Timor-Leste, but not for Timorese
Another approach to understanding how foreign aid has failed in Timor-Leste is to look at how the aid is spent. Although by GDP, foreign aid in Timor-Leste is one of the highest, the reality on the ground hardly corresponds to the amount of money that has been spent.
According to La’o Hamutuk (1999), from the more than 5 billion dollars that have been spent, only 10 percent of it has been inserted into the local economy. 90 percent of it was spent to pay international advisors and consultants, researchers, foreign soldiers, police, overseas procurement, imported supplies of automobiles, computer equipment, and others.
Foreign aid perpetuates and strengthens inequality between local staff and international staff. The salary of the international staff members is ten times higher than that of their local counterparts who graduate from local or Indonesian universities. This perpetuates the notion that local staff is less capable than international staff.
Along with the flow of aid, foreign businessmen and imported goods also entered the country easily. Beginning in 1999, many businessmen came to East Timor to start their business. These businessman owned hotels, floating hotels, restaurants, bars, and coffeehouses in Dili.
Timorese can only become cleaners, security guards, or at best cashiers in these businesses. Imported vegetables, meat, alcohol, etc also entered the country without any restrictions. These imported goods are merely to satisfy demands from international staff that have high salaries.
International staffs do not go to buy their meals from local restaurants or local markets. Local people who sell their agriculture products in the street, or popular markets under poor conditions cannot compete with imported goods from Australia, Singapore, or Indonesia. Foreign aid also failed to develop productive economic sectors such as agriculture or micro-industry that will generate employment opportunities for Timorese citizens. Lack of investment in the productive sector still affects Timor-Leste’s overall economy today as it imports everything from bottled water to computer hardware.
Half-Hearted Rural Development
The claim that international aid has failed is quite obvious regarding rural development. Development in rural areas should have been the priority, given that 80 percent of Timorese live in rural areas. Since 2000, there have several projects implemented by the World Bank, UNDP, and other bilateral agencies to empower rural communities both economically and politically.
Community Empowerment Project Community Empowerment Project (CEP), The Recovery, Employment and Stability Program for Ex-Combatants and Communities in Timor-Leste (RESPECT), Ainaro-Manatuto Community Activation Program (AMCAP), and Agricultural Rehabilitation Projects (ARP) are some of the projects that were designed to empower rural communities.
However, despite this noble mission, these projects have some structural flaws, which affect their outcome. In general, these projects were designed by experts from outside who have limited knowledge about the rural context in Timor-Leste.
Consequently, these projects were designed based on false assumptions about the structural and systematic problems that people face. Thus, they failed to address the real structural and historical problems that the people in the rural area are facing. To some extent, these projects reinforced these problems.
Most rural development projects were carried out without proper mechanisms involving the rural communities they were designed to serve. Adding to the lack of participation of local population, these projects are lacked transparency in their management, and the absence of mechanisms to hold people accountable.
Thus, instead of solving problems, some rural development projects created additional conflict within the community. Creating multiple parallel structures is another problem with foreign aid. In these rural development projects, instead of using existing local structure, those programs bypassed national government, local legitimacy, and local knowledge by creating other parallel institutions.
Finally, rural development programs are also designed with very short term objectives. Indeed, these projects failed to address the structural and systematic problems that people face. Moreover, due to lack of community involvement, people do not have sense of ownership of these projects. Consequently, after donors stop funding them, the community does not know how to continue these projects into the future.
To sum up, most community development programs implemented by institutions like the World Bank, UNDP, or other development agencies are characterized by lack of coordination with local government, lack of long-term vision, and rather than support local government structures, these projects tend to weaken and established new ones.
Conclusion
Since foreign aid is provided under the banner of “peacebuilding,” foreign aid, has failed to create conditions for long-term peace and stability in Timor-Leste. Lack of mechanisms involving local authorities in the decision-making process, lack of investment in the productive sector, and half-hearted rural development are the factors that contribute to its failure. The Timor-Leste case is only one more case that illustrates the failure of foreign aid in post-conflict countries. Tempo Semanal
Xanana trata-se em Jacarta
20 de Novembro de 2014, 16:15
O primeiro-ministro (PM) Xanana Gusmão foi ontem fazer um exame médico de rotina e também uma ressonância magnética, no hospital de Jacarta, o seu estado de saúde é estável, segundo comunicado do secretário de Estado da Comunicação Social Nélio Isaac.
Na sua página de facebook, Nélio Isaac disse que o primeiro-ministro fez também ontem e hoje fisioterapia.
“O resultado do seu exame médico foi muito bom, sem qualquer problema”, disse Nélio Isaac.
O vice primeiro-ministro Fernando La Sama de Araújo disse ao jornal Suara Timor Lorisae que falou com o embaixador de Timor-Leste em Jacarta e este disse que o tratamento estava a correr bem.
Nélio Isaac disse no seu comunicado que está previsto o regresso do PM este sábado.
Na terça-feira de manhã, Xanana Gusmão tinha se deslocado ao tribunal distrital de Díli, para para entregar documentos relativos a processos que ainda estão em fase de inquérito no Ministério Público e estava a andar devagar e com apoio, devido a fortes dores nas costas.
SAPO TL com Suara Timor Lorosae
Xanana e a Indonésia: os equívocos
Editor Update (Global Indonesian Voices):
The news article published by Liputan6.com, which was entitled ‘Xanana Gusmao Isyaratkan Timor Leste Kembali ke Pangkuan NKRI’ has been corrected by the publisher into an article titled ‘PM Timor Leste Xanana Gusmao: Terima Kasih Indonesia’. In the revised version, it has straightened the information pertaining to the original story, supported by a quote from the Indonesian Deputy Minister for Defence.
“I would like to underline that the news in the media does not exist,” said Minister Sjafrie Sjamsoeddin as quoted by the Liputan6.com
The original GIV article entitled ‘Timor Leste Should Rejoin Indonesia, Said Prime Minister Xanana Gusmao’ is hence updated to reflect the new information from the news source.
Surabaya. The Prime Minister of Timor Leste, Xanana Gusmao, was wrongly quoted for saying that he wants to rejoin Indonesia.
Xanana was quoted in the midst of an anniversary celebration event of the Indonesian army in Surabaya on Tuesday, 7 October 2014. Whether his statement represents an official commitment from the Timor Leste government or the country’s citizens is not reported.
Xanana Gusmao previously led the movement leading to separation of Timor Leste from Indonesia in 1999.
“I am grateful to the Indonesian government for the invitation and collaboration all this time. I also wishes the TNI (Indonesian Army) a happy anniversary,” said Xanana as quoted by Liputan6.com.
Located at the eastern part of Timor island, the now independent country was previously regarded as an Indonesian province carrying the name East Timor (Timor Timur).
In contrast to other Indonesian regions that were all colonized by the Netherlands, Timor Leste was previously occupied by Portugal for 450 years prior to joining the Indonesian Republic as its 27th province.
It was an Indonesian province for 24 years before an independence referendum took place in 1999. Following the controversial referendum under the United Nations, East Timor became separated as a new country officially called Timor Leste.
Timor-L.: Xanana tratado na Indonésia
Timor Hau Nian Doben - 18 de novembro de 2014
O primeiro-ministro, Xanana Gusmão, foi evacuado esta manhã de urgência para Denpasar, cidade Indonésia, para tratamento médico, noticiou há momentos o jornal Tempo Semanal no seu "website".
De acordo com o periódico, uma pessoa perto de Xanana Gusmão que pediu o anonimato disse, "O velho está doente das costas e por este motivo teve de ir fazer tratamentos".
Xanana Gusmão ainda foi esta manhã ao Tribunal Distrital de Díli para entregar documentos relativos a processos que ainda estão em fase de inquérito no Ministério Público timorense, noticiou a Agência Lusa.
De acordo com a agência noticiosa, "o juiz administrador do Tribunal Distrital de Díli, Duarte Tilman, explicou que o primeiro-ministro se deslocou ao tribunal para "apresentar documentos ligados a processos em inquérito".
Segundo a Lusa, o juiz disse que Xanana encorajou também o tribunal a "continuar a trabalhar com independência, com respeito pelas leis e Constituição e pelo princípio da separação de poderes".
O citado jornal relatou ainda que quando o chefe do executivo regressou do Tribunal Distrital de Díli, foram os seguranças quem ajudaram Xanana Gusmão a subir as escadas no Palácio do Governo.
Burkina: Exército controla a Transição
Le lieutenant-colonel Isaac Zida a été nommé mercredi au poste de Premier ministre par le président de la transition, Michel Kafando. Contrairement à ce qui était prévu, l'armée garde donc une place centrale dans le régime de transition, censé être civil.
Le lieutenant-colonel Zida et l'armée restent donc au coeur du pouvoir au Burkina Faso. Le militaire, qui avait pris la tête du "pays des hommes intègres" depuis la chute de Blaise Compaoré, le 31 octobre, a été nommé chef du gouvernement mercredi 19 novembre par le président Michel Kafando.
"J'en appelle à l'ensemble de la communauté nationale (et) internationale (...) à nous accompagner sans a priori pour gagner le challenge d'une transition apaisée", a-t-il déclaré lors de sa première allocution en tant que Premier ministre. Le gouvernement oeuvrera "en toute humilité" et "dans un engagement sacerdotal et patriotique" afin de "redonner confiance" au peuple par son "ardeur au travail", son "don de soi" et son absence de "calcul égoïste", a-t-il aussi affirmé.
À peine nommé par un décret du nouveau président intérimaire Michel Kafando, investi mardi, le lieutenant-colonel Zida tente donc de rassurer. Sa désignation semble en effet contraire aux voeux affichés de la communauté internationale, qui souhaitait une transition strictement civile. Zida ne pourra, comme Kafando, être candidat aux élections présidentielle et législatives de novembre 2015 qui marqueront la fin de la transition. Mais il disposera du pouvoir important de nommer les 25 membres du gouvernement, dont il communiquera la liste "au plus tard dans les 72 heures".
Mea culpa du CDP
De nombreux acteurs civils souhaitent voir les partis pro-Compaoré exclus de ce gouvernement. Mercredi, après la nomination du lieutenant-colonel Zida, le Congrès pour la démocratie et le progrès (CDP), anciennement au pouvoir, s'est fendu d'un mea culpa. Il a reconnu avoir commis "une erreur d'appréciation" en poursuivant le projet de révision de la Constitution, qui devait permettre le maintien de "Blaise" au pouvoir. Plusieurs partis de la mouvance présidentielle ont également fait ces derniers jours des déclarations publiques de contrition, implorant le "pardon du peuple".
"Il va falloir voir dans quelle mesure cette nomination est de nature à changer l'orientation de la transition", a expliqué Siaka Coulibaly, politologue et membre de la société civile, à l'AFP. Selon lui, la charte de transition, la constitution intérimaire, entérinée par armée et civils dimanche, n'a pas défini les attributions du président et du Premier ministre. "On ne sait donc pas si le Premier ministre est un fusible, protocolaire, ou s'il aura véritablement du pouvoir", a-t-il analysé.
Société civile vigilante
Le maintien de l'armée au coeur du pouvoir, acté mercredi, a suscité un mécontentement parmi la plupart des habitants de Ouagadougou. La société civile reste vigilante, préférant attendre ses actes pour juger Zida. Plusieurs de ses membres dénoncent toutefois une "entente" entre opposition et armée, dont la société civile a été exclue, qui a permis l'attribution du poste de Premier ministre à un militaire.
Dans les faits, le nouveau Premier ministre avait déjà pris en main les domaines publics importants. Les patrons de la Société nationale burkinabè des hydrocarbures (Sonabhy) et d'électricité (Sonabel), proches du clan Compaoré, ont été remerciés "pour sabotage". Ces mesures s'ajoutent à la suspension des conseils municipaux et régionaux, dans lesquels les pro-Compaoré étaient fortement majoritaires.
Mais le Burkina Faso reste un pays pauvre, aux faibles ressources, qui ne peut se passer de l'aide extérieure. La réaction de la communauté internationale - qui avait fortement contribué à un rapide retour à la transition civile - à la nomination de Zida, sera donc déterminante.
(Avec AFP)
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19.11.14
Timor: Narcotráfico 2008
A CRIME syndicate with links to former pro-Indonesian militias supplied drugs to youth gang members involved in violent attacks in East Timor.
This is the finding of an investigation ordered by East Timor's President Jose Ramos Horta.
It also found girls as young as 12 were being trafficked into East Timor for prostitution, some at a brothel frequented by United Nations personnel.
A report on the investigation, obtained by The Age, criticises the Australian-led International Stabilisation Force (ISF) and United Nations police in East Timor for failing to "recognise the importance and gravity of this new phenomenon" in the troubled country of 1 million.
"The swiftness in which international drug syndicates mobilised into Timor Leste (East Timor) was underestimated by the international security forces," the report said.
But within days of Mr Ramos Horta receiving the report last month, East Timor and United Nations police began raids in the capital, Dili, and arrested almost 100 Timorese and foreigners on drugs and prostitution charges.
Mr Ramos Horta is recovering in Royal Darwin Hospital from gunshot wounds received in a rebel attack on February 11.
The confidential report said girls aged between 12 and 15 were brought from Indonesian West Timor and held in safe houses in Dili and "only brought out on request" to a brothel operated by a drugs and human trafficking syndicate.
The Age, Austrália 2008
18.11.14
Costa do Marfim: Gbagbo será julgado no TPI
La Cour pénale internationale (CPI) a annoncé lundi que le procès de Laurent Gbagbo débuterait le 7 juillet à La Haye. L'ancien président ivoirien est jugé pour quatre charges de crimes contre l'humanité.
Le procès de Laurent Gbagbo débutera le 7 juillet à La Haye. La Cour pénale internationale l'a annoncé lundi 17 novembre dans un communiqué. La Chambre de première instance I de la CPI "a également ordonné au procureur de la CPI [Fatou Bensouda, NDLR] de communiquer à la Défense, au plus tard le 6 février 2015, l'ensemble des pièces, éléments de preuve et rapports d'experts, ainsi que la liste des témoins et des moyens de preuve sur lesquels l'accusation entend s'appuyer au cours du procès", précise le texte.
Après avoir d'abord douté de la solidité du dossier dressé par l'accusation contre Laurent Gbagbo, la CPI avait finalement confirmé en juin quatre charges de "crimes contre l'humanité" contre l'ancien président ivoirien. Il est accusé d'avoir, avec son entourage, "ordonné, sollicité, encouragé ou contribué de toute autre manière à commettre des meurtres, viols, actes inhumains et persécutions".
Le 11 septembre, la Chambre préliminaire avait rejeté la demande de la défense d'interjeter appel à la confirmation des charges.
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Par Vincent DUHEM
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Burkina já tem um Presidente de transição
Michel Kafando, le nouveau président de transition au Burkina Faso, prêtera serment mardi avant d'entrer en fonction vendredi, mettant ainsi fin à trois courtes semaines de régime militaire dirigé par le lieutenant-colonel Zida.
Le Burkina Faso s'apprête à définitivement tourner la page de 27 années au pouvoir de Blaise Compaoré. Après trois semaines de régime militaire, Michel Kafando, le président de transition, va prêter serment mardi 18 novembre avant d'entrer en fonction le vendredi 21 novembre. La communauté internationale, qui avait exercé dès les premiers jours de la crise politique une forte pression sur l'armée pour qu'elle rende le pouvoir aux civils, a salué cette transition rapidement et pacifiquement négociée. L'Union africaine (UA) - qui avait lancé un ultimatum au régime militaire pour qu'il restitue le pouvoir - a salué lundi la "maturité politique" et le "sens des responsabilités" des Burkinabè. Le représentant spécial de l'ONU en Afrique de l'ouest, Mohamed Ibn Chambas, s'est réjoui dans les mêmes termes.
Au bout d'une longue nuit de tractations à Ouagadougou, le nouveau président intérimaire, un diplomate de 72 ans, a à peine cillé à l'annonce de sa nomination annoncée au petit matin en présence des deux autres candidats retenus par le "collège de désignation" : Joséphine Ouédraogo, ex-ministre de Thomas Sankara, et le journaliste Cherif Sy.
Ancien ambassadeur à l'ONU
"Plus qu'un honneur, c'est une redoutable responsabilité qui m’échoît, dont j'entrevois déjà les écueils et l'immensité de la tâche", a déclaré Michel Kafando, un homme de grande taille aux cheveux légèrement grisonnants, d'allure distinguée et réservée. Selon le président ghanéen John Dramani Mahama, qui a participé à la médiation internationale dans la crise en tant que président en exercice de la Communauté économique des États d'Afrique de l'Ouest (Cédéao), dont fait partie le Burkina, le retour à un régime de transition civil "démontre une fois encore la volonté du Peuple burkinabè, de ses Forces vives et de ses Forces de défense et de sécurité de privilégier l’intérêt supérieur de la nation".
Figure de la diplomatie nationale, Michel Kafando a été ambassadeur de la Haute-Volta (l'ancien nom du pays) puis du Burkina Faso auprès des Nations unies, respectivement en 1981-1982 et 1998-2011. Il a également été ministre des Affaires étrangères dans plusieurs gouvernements, entre 1982 et 1983.
Le Conseil constitutionnel a validé lundi sa nomination, ainsi que la charte de la transition, sorte de constitution intérimaire signée officiellement dimanche. La transition militaire aura donc duré trois courtes semaines, le lieutenant-colonel Zida gardant la charge du pays jusqu'à vendredi, alors que nombre de Burkinabè craignaient un coup d'État de l'armée et son maintien au pouvoir.
Une transition "remarquable"
La France, ancienne puissance coloniale et premier soutien international du "pays des hommes intègres", a assurée qu'elle se tenait "aux côtés du Burkina Faso durant cette période clé de son histoire", selon le chef de l'État François Hollande, qui a félicité Michel Kafando. "Cette transition démocratique est globalement remarquable et peut servir d'exemple à d'autres pays", soulignait Philippe Hugon, un chercheur français, appelant toutefois à "rester prudent" devant l'ampleur des "défis économiques et sociaux" de ce pays sahélien pauvre de 17 millions d'habitants.
À l'université, le sentiment était mitigé parmi les étudiants, qui ont été en pointe dans l'insurrection populaire qui a fait chuter le régime Compaoré. "Pourquoi chasser le président Compaoré si c’est pour le remplacer par son sbire?", s'interrogeait Jérôme Oubda, 33 ans, étudiant en communication. "Je ne connais pas Michel Kafando, mais il est le témoin de l’après Blaise Compaoré sur lequel le pays a tourné la page", jugeait, pragmatique, Harouna Tapsoba, 28 ans, un fanion national à la main.
L'investiture du nouveau président de transition aura lieu mardi dans une salle de conférence de Ouaga 2000, un quartier récent et aisé de la capitale où se trouve la présidence. Le Premier ministre, le gouvernement, ainsi que les 90 membres du Conseil de transition (le parlement provisoire), seront nommés plus tard dans la semaine. La passation du pouvoir de Michel Kafando avec le lt-colonel Zida se déroulera vendredi. Six chefs d'État, Ghana, Mali, Mauritanie, Niger, Sénégal et Togo, assisteront à cette cérémonie, a déclaré le colonel Gilles Séraphin Bayala, le chef du protocole de l'armée. Les présidents du Bénin et de la Côte d'Ivoire doivent encore confirmer leur présence.
(Avec AFP)
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São Tomé: A Saúde está agonizante
Saúde em São Tomé e Príncipe agoniza sem investimentos em infraestrutura e profissionais
Por Thiago Melo*
No único hospital público do país, os pacientes convivem com lixo hospitalar, infraestrutura sucateada e mau atendimento. Muito do que existe é resultado de parcerias com organizações e governos de outros países. Os doentes não têm dinheiro para comprar medicamentos indicados pelos médicos.
Já passava do meio-dia. Num dos prédios do único hospital público de São Tomé e Príncipe, chamado Dr. Ayres de Menezes, aglomeravam-se pacientes que estavam à espera de atendimento na urgência. O prédio, na verdade, é um dos anexos do sector de Pediatria, mas, há pelo menos um ano, segundo informação dos próprios utentes, também passou a receber os casos de emergência, devido ao facto de ainda não ter sido terminada a reforma do edifício destinado para isto.
A maioria dos que ali estavam àquela hora chegou cedo, antes mesmo das 8h da manhã, com a esperança de conseguir um atendimento médico que pudesse pôr fim à sua enfermidade. Mas a esperança logo ia se esvaindo à medida que o tempo de espera aumentava. O calor, a espera, o incómodo da doença, tudo isto dificultava a situação dos doentes que ali estavam, e também dos familiares que os acompanhavam. Já não importava se havia espaço para se sentar e esperar. Muitos pacientes deitavam-se no chão do corredor empoeirado para suportar o tempo da triagem e aguardar o atendimento médico.
No aglomerado de pessoas, na frente da Urgência improvisada na Pediatria, estava Emiliana de Almeida, que aguardava que as duas filhas, uma de 12 e outra de 15 anos, fossem atendidas. As duas meninas estavam com febre e dor de cabeça. "Fui ao Centro de Saúde da Água Grande (centro da capital São Tomé) há dois dias, mas disseram que se elas não melhorassem que era para eu vir aqui ao hospital. Eu vim, mas estou cá desde cedo à espera do médico. Nem tomámos o pequeno almoço", queixou-se a senhora, que tinha no colo a filha menor, que também sofre de bronquite.
"Não temos um bom atendimento. Os enfermeiros e os médicos não sabem se comportar com os pacientes. E além disso, o hospital, como o senhor pode ver, está completamente deixado de lado, sem investimentos. Estamos nesta luta, e não é de hoje, é de sempre", desabafava a senhora.
Os problemas com o sistema de Saúde são-tomense, como ela mesmo referiu, não são de agora. Emiliana fraturou a perna esquerda há sete anos, e precisou de fazer uma cirurgia no mesmo hospital onde esperava as filhas serem assistidas. Ela conta que na altura conseguiu fazer a operação, mas não teve o devido pós-operatório. "Eu tinha de ter tirado os ferros que colocaram para poder emendar o osso da minha perna, mas não os tiraram. Por causa disto, até hoje, eu tenho dificuldades para andar", afirma.
Desde que fez a operação e até agora, Emiliana, são-tomense nascida e criada na ilha, garante que a estrutura do sistema de Saúde do país só piorou. "A gente vem ter com o médico e, simplesmente, somos informados que o médico não está, ou que não poderá atender, pois está fazendo alguma operação. Isso não é nada bom".
Armando Carvalho também acompanhava um paciente no sector de triagem da urgência, no prédio improvisado. O sobrinho dele, de 25 anos, sofreu um acidente e teve ferimentos muito graves. Devido à gravidade, o jovem foi atendido assim que chegou ao hospital. Mas, mesmo assim, as críticas relacionadas ao sistema de saúde se fazem presente: "Há problemas em todo o mundo, mas aqui, em São Tomé, vivemos a dura realidade do nosso país, que é a pobreza. Se não há dinheiro, não há profissionais, não há investimentos", constata o tio do rapaz acidentado.
Assim como Emiliana, Armando queixa-se também da má qualidade do atendimento prestado pelos enfermeiros e médicos, que, na maioria das vezes, segundo ele, são "impacientes". "Não há condições de trabalho, eles ganham mal. Dá até para entender um pouco essa péssima recepção. O atendimento é consoante o que eles têm. Se têm más condições, pouca infraestrutura e sobrecarga de trabalho, não teremos bons médicos", avalia.
Precariedades
A realidade dos profissionais da saúde em São Tomé e Príncipe é mesmo difícil. Conversamos com enfermeiros do hospital Dr. Ayres de Menezes, que preferiram não serem identificados por medo de represálias dentro da instituição. Todos foram unânimes ao afirmar a falta de material para o tratamento dos pacientes, a falta remédios, e que a infraestrutura do único hospital do país está completamente sucateada. "Realmente não temos condições para fazer um bom atendimento da população", assegurou uma das profissionais que conversou conosco.
Para além dos problemas estruturais no Dr. Ayres de Menezes, os enfermeiros e médicos ainda precisam lidar com o baixo salário pago às categorias. O salário de um enfermeiro, por exemplo, pode variar entre 1 a 2 milhões de Dobras, o equivalente a 40 e 80 euros, respectivamente. Este é o valor pago por mês para aqueles que seguirem a carga horária normal de 9 horas diárias. Para conseguir ganhar um pouco mais, os profissionais precisam esforçar-se ainda mais e fazer pelo menos 8 ou 10 plantões todos os meses, e aí conseguem ganhar mais 400 mil Dobras por turno realizado. "Isto acaba por transformar a nossa carga horária em algo desumano e que às vezes nem compensa tanto assim, pois temos muitos descontos no nosso salário", revela um enfermeiro.
A precariedade do maior centro de atendimento médico das duas ilhas africanas faz-se sentir ver num simples caminhar pelos sectores espalhados por diferentes prédios. Não é preciso nem entrar nos edifícios para constatar o descaso. Ao lado de um posto de consultas médicas estava um contentor repleto de lixo hospitalar, ao ar livre, sem nenhuma destinação adequada, conforme estabelece a Organização Mundial da Saúde. Era possível identificar frascos de remédios, restos de curativos, seringas e até restos de soros fisiológicos. Ambiente propício para a proliferação de infecções hospitalares e transmissão de doenças aos utentes que por ali circulavam.
Não muito longe dali, num prédio logo à frente, fica o sector de internamentos. Fui ter com uns pacientes que estavam do lado de fora caminhando um pouco. A senhora Sofia do Espírito Santo era uma desses pacientes. Há dois dias internada por causa de Diabetes, ela disse que estava à espera de um médico para ser obsrrvada e então, assim pensava, receber alta para voltar para casa. Entrámos no prédio de internamentos e Sofia mostrou-me o leito onde havia passado as duas últimas noites. Era uma cama enferrujada, assim como as outras que abrigavam os demais pacientes naquela sala.
"Eu não tenho do que me queixar. As enfermeiras são atenciosas, vêm perguntar como estou. Mas agora estou à espera do médico para voltar para a minha casa", contou a senhora sentada à cama. Ela disse que, provavelmente, voltará para o hospital em breve, pois não tem condições de seguir o tratamento indicado pelos médicos, devido ao preço dos medicamentos. "O remédio que eles colocam na receita custa para aí umas 180 mil Dobras (o equivalente a 7 euros). Isso é muito dinheiro para nós". Uma triste realidade que a senhora assiste consciente e esperançosa ao mesmo tempo.
Desequilíbrio
Segundo o director para os Cuidados de Saúde do Ministério da Saúde, Pascoal Fonseca, os atendimentos médicos em São Tomé e Príncipe estão divididos em três níveis de atenção: o primário e o secundário, dos quais são responsáveis os distritos sanitários, e o terciário, do qual o encarregado é o hospital Ayres de Menezes. Todos os serviços prestados no sistema são gratuitos, e daí surgem alguns dos problemas de infraestrutura e administração na área da saúde nas ilhas.
De acordo com Pascoal, há um desequilíbrio no sistema de saúde são-tomense. Por um lado, o Estado não possui recursos suficientes para garantir a qualidade dos serviços oferecidos, pois quase 90% do seu orçamento depende de ajuda externa. Ajuda que nem sempre consegue suprir as necessidades orçamentarias do país. Por outro, os utentes não participam com nenhum custo nos atendimentos médicos oferecidos pelo governo. "Consequentemente, o Estado tem grandes debilidades para oferecer os seus serviços. É um sistema apenas de consumo, portanto, a partir daí, esta balança está desequilibrada".
Por estes mesmos motivos, assegura o director, os quadros profissionais também são lesados. "Um quadro de especialista ganha 200 euros mensais, isso porque houve um reajuste há pouco tempo, pois antes eram 150 euros. Estamos a falar de um especialista, cirurgião. Eu estudei 7 anos e fiz 6 anos de clínica geral, ou seja 13 anos de estudo, e ganho isto na função que exerço no hospital". Para piorar a situação de quem trabalha na saúde, Pascoal conta que os descontos para o Imposto Sobre o Rendimento (IRS) levam pelo menos 30% do salário. "O nosso sistema peca por isso também e, consequentemente, tem dificuldades de se desenvolver. Os funcionários não se sentem estimulados, e muitos que se formam no exterior não querem voltar para trabalhar aqui".
A precária infraestrutura do Ayres de Menezes é resultado também da baixa capacidade financeira do país, relatada pelo director de Cuidados de Saúde. Assim, nem sempre o valor destinado pelo ministério consegue cobrir as despesas e necessidades da casa. A infraestrutura principal é uma herança colonial. Os demais pavilhões que foram construídos e equipamentos adquiridos ao longo dos últimos anos são frutos de parcerias governamentais com outros países, principalmente Portugal e Twaian.
Actualmente, o hospital conta com financiamento da União Europeia para reabilitar o sector da maternidade. Da mesma forma já está acontecendo com o sector de urgência, por isso estes atendimentos decorrem em outro pavilhão. Pascoal assegura que a ala de um dos pavilhões da pediatria foi reservada para acolher a urgência, apesar de termos visto crianças sendo atendidas na mesma ala que os pacientes da urgência. "Para fazer a reabilitação das infraestruturas precisamos improvisar, não podemos retirar estes sectores para outros sítios, pois todos funcionam de forma integrada. É preciso estar no hospital para que seja feito um exame mais complexo, por exemplo", explica Fonseca.
Em relação ao lixo hospitalar, o director afirma que o Ministério da Saúde tem aplicado vários esforços para mudar esta realidade. Esta questão estaria ligada a dois fatores, segundo Pascoal: a negligência dos funcionários que são responsáveis pelo acondicionamento correto do lixo, e também a falta de uma incineradora adequada para o tratamento destes materiais.
Melhorias poderiam ocorrer com a participação dos utentes
Para Fonseca, que há 20 anos trabalha no sistema de saúde de São Tomé e Príncipe, a solução para este desequilíbrio seria criar uma sistema escalonado de contribuição, no qual cada cidadão das ilhas contribuiria com quanto pudesse pagar. Questionado se os são-tomenses teriam dinheiro para custear os serviços do sistema de saúde, o director especula: "Nós já incutimos na população a ideia de que a saúde é grátis, mas se formos observar a cerveja, por exemplo, verificaremos quantos montes de contentores da bebida são vendidos; outra questão são as casas. Antes a maioria era de madeira e palha, hoje, boa parte é de alvenaria. A população pagará, se for para o seu bem. Se nós formos aplicar um sistema escalonado mensal, quem pode pagar 1 euro, paga; 10 euros, paga; mil euros, paga. Acontece que estas são decisões políticas. Não cabe a mim decidir, mas esta é a minha opinião".
Pascoal reitera que, para tomar estas decisões, é preciso vontade e coragem por parte dos políticos das ilhas. "Quem não tem, não pode dar. Tudo cai no mesmo pacote que eu expliquei. O Estado faz muitos esforços dentro das suas limitações. Mas se estivéssemos num sistema de saúde no qual a população contribui, de uma forma ou de outra, para o sistema, a saúde teria meios para oferecer mais. É preciso vontade política para isto".
O presidente da Ordem dos Advogados de São Tomé e Príncipe, André Aragão, acredita que a garantia de um serviço Saúde de qualidade no país regrediu nos últimos anos. Isto porque, segundo Aragão, desde os anos 1990 foi extinta a figura do Provedor de Justiça. "O Provedor era responsável por promover os Direitos Humanos, ao buscar junto ao governo a implementação de políticas públicas", explica o advogado.
Embora isto tenha ocorrido, André lembra que a população ainda pode recorrer a um mecanismo que permite ao cidadão, enquanto indivíduo ou comunidade, reclamar junto à Assembleia Nacional melhorias no serviço de Saúde. "A partir disto a Assembleia Nacional é a responsável por interceder pelos cidadãos".
Médicos estrangeiros e parcerias garantem infraestrutura mínima
A actual infraestrutura do sistema de saúde são-tomense tem sido garantida, ao longo dos anos, por diversas parcerias e instituições estrangeiras que actuam nas duas ilhas. Entre estas instituições está a organização Médicos Sem Fronteiras, a Cruz Vermelha Internacional e, há pelo menos 25 anos, a organização não governamental portuguesa Instituto Marques de Valle Flôr (IMVF).
Em todos esses anos de actividade, a partir de recursos portugueses e da comunidade europeia, o IMVF já actuou em todos os níveis do sistema sanitário de São Tomé e Príncipe. Edgar Neves, representante do instituto em São Tomé, explica que a preocupação inicial foi estruturar o sistema de saúde do país, tornando-o funcional, a partir da formação de profissionais, habilitação dos centros de atendimento com equipamentos e meios para diagnósticos, e, o fornecimento regular de medicamentos.
Algumas destas acções fazem parte do programa Saúde para Todos, que há anos é realizado pela ONG no país. Em 2012, o programa foi prolongado até dezembro de 2015, afim de promover os cuidados preventivos e primários nos sete distritos das ilhas. De acordo com Edgar, a intenção do projeto era capacitar os profissionais para atuarem no país, assim como levar os cuidados à população, desenvolvendo um sistema autónomo que se pudesse estabelecer ao longo dos anos. Estão sendo beneficiados pelo menos 769 profissionais e técnicos de saúde são-tomenses e a totalidade da população das ilhas, que chega a quase 180 mil habitantes.
Mas a precariedade do sistema sanitário do país e a falta de médicos especialistas fez com que a organização estabelecesse também o programa Saúde para Todos - Especialidade, oferecendo serviços de atendimento e cirurgia em diversas áreas médicas. Edgar relata que o projecto foi necessário também para diminuir a evacuação de doentes para o exterior, principalmente para Portugal, que recebe a maior parte dos pacientes que não conseguem tratamento nas ilhas.
Trabalham actualmente no projecto, pelo menos, 100 profissionais de 20 especialidades diferentes. Alguns deles nem precisam viajar para realizarem os atendimentos, pois há 3 anos funciona um sistema de telemedicina que facilita o trabalho médico. "Precisamos digitalizar todo o sistema de exames para implementar a telemedicina. A partir daí, as consultas podem ser feitas à distância. Caso seja preciso uma cirurgia, esta é agendada e o médico vem a São Tomé a realizar ", explica Neves, que assegura que a oferta de consultas de especialidade já diminuiu consideravelmente a evacuação de pacientes para fora do país. "Apenas as especialidades de gastro e neurologia ainda têm sido motivo de evacuação médica. Os clínicos e cirurgiões gerais vão resolvendo muita coisa, mas há casos que só os especialistas podem resolver".
Na opinião de Edgar, além de garantir os investimentos necessários e a formação dos profissionais em São Tomé, para desenvolver um sistema de saúde eficaz é preciso estimular os profissionais nativos. "Ao longo desses anos todos, percebemos que é preciso estimulá-los do ponto de vista profissional, mas também material, de maneira a que eles permaneçam no país. Por isso, damos preferência aos locais, quando temos pessoal aqui", conclui.
Fitoterápicos são alternativa na falta de dinheiro para medicamentos
Foi à porta do centro de saúde da Água Grande, no centro da capital São Tomé, que encontrei, às 7h da manhã, Neuza da Conceição. Ela tinha chegado uma hora antes de mim, pois queria conseguir uma consulta com o pediatra para o filho de 1 ano. Apesar do esforço, ela diz-me que não enfrenta dificuldade para conseguir o atendimento. Para ela, assim como para a grande maioria dos são-tomenses, o problema é ter acesso à medicação indicada pelos doutores. "Há consultas, mas muitas vezes isso depende da disponibilidade dos médicos. Se temos tudo marcado, não há problema. A gente tem mesmo problema é para conseguir o remédio, pois são caros para nós. Aí procuramos nas plantas medicinais", relatou.
Depois da consulta, ela levou-me até ao Mercado Velho, a poucos quarteirões do centro de saúde. Lá, Neuza foi directo ao ponto de venda da Dona Gigi Bento, de 55 anos, que diz ter aprendido, desde criança, a arte de curar a partir das plantas. Ela logo juntou um maço de ervas desidratadas e vendeu a Neuza. Aquilo serviria para um chá que curaria a dor de barriga do menino.
Segundo Dona Gigi, há mais de 300 tipos de folhas, ervas e sementes que são utilizadas na formulação de medicamentos fitoterápicos em São Tomé. É em forma de chá e óleos essenciais que estes remédios naturais ajudam a curar as enfermidades dos são-tomenses. "Tem remédio para diabetes, hérnia, febre tifoide, colesterol e muitos outros. Há fórmulas em que misturamos várias plantas, ou, em outras, basta uma", explicou Gigi.
Assim como Gigi, quase uma centena de outros sábios tradicionais trabalham com os fitoterápicos no Mercado. Manuel Afonso, de 69 anos, trabalha desde os 16 anos com as plantas medicinais e ele deixa claro a ética de sua profissão: "O médico é quem tem a sabedoria para identificar a enfermidade do paciente, o que nós fazemos é encontrar a cura nas plantas". De acordo com Manuel, tudo o que ele indica aos pacientes que o procuram é a partir dos exames médicos que eles lhe apresentam. "Se traz o exame, a gente já sabe o que indicar, senão, tem de voltar ao médico e trazer o atestado para podermos arranjar o remédio".
Manuel reconhece o papel social que desenvolve na sociedade de São Tomé e Príncipe. Ele sabe o quanto o seu trabalho está ligado à população: "as pessoas têm mais acesso a este tipo de medicamento, pois a maioria não tem dinheiro para pagar as receitas médicas, ou então não é possível comprar o remédio aqui no país".
* Esta produção só foi possível realizar graças ao programa de formação jornalística, Beyond Your World, o qual é financiado pela Comissão Europeia e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros Holandês
16.11.14
Argélia: O calvário de Bouteflika
Le président algérien Abdelaziz Bouteflika, 77 ans, affaibli depuis un AVC en 2013 et dont l'état de santé fait l'objet de rumeurs récurrentes, a quitté la France samedi après une brève hospitalisation dans une clinique de Grenoble, près de sept mois après sa réélection pour un 4e quinquennat.
Le chef d'Etat est reparti de la clinique Alembert vers 13H30 dans une ambulance escortée par plusieurs véhicules de police, en direction de l'aéroport de Grenoble où il était arrivé discrètement jeudi. Un avion de la présidence algérienne en a décollé vers 14H45, selon un photographe de l'AFP. Les raisons qui ont motivé l'hospitalisation de M. Bouteflika, qui s'est déroulée sous étroite surveillance policière, demeurent inconnues, Alger ayant observé un silence absolu, de même que la direction du Groupe hospitalier mutualiste dont fait partie la clinique.
Vendredi soir, la télévision algérienne s'est contentée de lire un message adressé par M. Bouteflika au président palestinien Mahmoud Abbas à l'occasion du 26e anniversaire de la proclamation de l'Etat de Palestine à Alger. Ce message faisait samedi matin la manchette du quotidien gouvernemental El Moudjahid. Selon le quotidien régional Le Dauphiné Libéré, M. Bouteflika a été pris en charge dans un service de cardiologie et maladie vasculaire, où travaille un professeur de cardiologie qui officiait auparavant à l'hôpital militaire du Val-de-Grâce à Paris.
Le président algérien y avait été soigné durant près de trois mois l'an dernier à la suite de son AVC, après y avoir été opéré d'un ulcère en 2005.
Rares apparitions publiques
Depuis le début de son 4e mandat fin avril, M. Bouteflika n'a fait que de rares apparitions publiques, alimentant les rumeurs sur son réel état de santé. Le 1er novembre, il avait effectué une visite au cimetière d'El Alia, dans la banlieue-est d'Alger, pour se recueillir sur les tombes de "martyrs" de la guerre d'indépendance à l'occasion des 60 ans de cette insurrection, dont il est un vétéran. Selon des images diffusées alors par la télévision algérienne, il était arrivé en fauteuil roulant à la cérémonie.
Si ses sorties sont parcimonieuses, ses apparitions à la télévision le sont moins. On le montre recevant ses invités - chefs d'Etat et ministres étrangers, ambassadeurs, membres du gouvernement algérien - dans une résidence à Zéralda, station balnéaire à l'ouest d'Alger, qui semble être devenue son bureau. Le dernier hôte a été reçu mercredi. Il s'agit du ministre vénézuélien des Affaires étrangères, Rafael Ramirez, avec lequel il a parlé des prix du pétrole. Lundi, M. Bouteflika avait reçu le ministre français des Affaires étrangères, Laurent Fabius, et son collègue de l'Economie, Emmanuel Macron, venus en Algérie assister à l'inauguration d'une usine Renault.
Juste avant ces rendez-vous, M. Bouteflika avait reçu une quinzaine d'ambassadeurs venus lui présenter leurs lettres de créances. "Il est apparu très lucide et très informé des dossiers", confiait alors l'un d'eux. Mais à chacune de ses apparitions, M. Bouteflika a affiché des difficultés d'élocution, s'exprimant d'une voix faible. "Rani (je vais) beaucoup mieux", avait-il assuré début octobre au diplomate Lakhdar Brahimi après des rumeurs alarmantes sur son état de santé.
La résidence de Zéralda où il reçoit est "entièrement aménagée, avec de vastes couloirs et de larges ascenseurs permettant au patient de se déplacer en chaise roulante", a confié à l'AFP un photographe qui a pu s'y rendre.
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15.11.14
Argélia: Bouteflika continua muito doente
Le chef de l'État algérien, Abdelaziz Bouteflika, est hospitalisé dans une clinique de Grenoble, selon les informations du quotidien régional "Le Dauphiné Libéré", confirmées par l'AFP.
Abdelaziz Bouteflika, président algérien au pouvoir depuis 1999, serait hospitalisé à la clinique d'Alembert de Grenoble, selon le Dauphiné Libéré et l'AFP, qui a obtenu confirmation auprès d'une source gouvernementale française. La nature de la maladie pour laquelle le chef d'État a été admis dans l'établissement est encore inconnue, mais il serait arrivé dès jeudi dans la ville de l'Isère.
Un étage entier de la clinique, dont les abords ont été protégés par les forces de l'ordre, lui a été réservé. Toujours selon le Dauphiné Libéré, le responsable du service de cardiologie et des maladies vasculaires de cette clinique exerçait précédemment au Val de Grâce, avant d'arriver à Grenoble, il y a quelques mois.
Contactée par l'AFP, la clinique n'a rien voulu dire de sa présence ni de son état de santé. La présidence algérienne n'a pas confirmé non plus ces informations, se bornant à indiquer qu'un communiqué serait publié dans la soirée.
Victime d'un accident vasculaire cérébral en avril 2013, le président Bouteflika a réduit ses apparitions publiques au strict minimum, tant et si bien que les rumeurs sur son état de santé - qui ont toujours été bon train - se sont multipliées ces derniers temps.
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14.11.14
Angola: Zenú, herdeiro de José Eduardo?
by MRFPress
Data de nascimento : 9 de Janeiro de 1978
Casado com Maíra Fernandes
José Filomeno de Sousa dos Santos
Dos filhos de José Eduardo dos Santos (JES) é o que aparenta ter uma visão critica da situação social no país. Quando se desloca as províncias faz uma apreciação habilitada/critica da situação, por vezes notando lentidão ou ma fé das autoridades locais em serem lentas no trabalho. No regresso da viagem partilha a sua visão com o pai, o que faz dele uma das fontes de informação do PR angolano.
José Filomeno de Sousa dos Santos é filho de JES com Filomena de Sousa “Necas”, filha de pai originário de cabo verde e mãe angolana. Ao tempo em que os pais de Zenú mantinham uma relação, o pai era Ministro das Relações Exterior e a mãe, uma funcionária da cooperação do ministério que vivia na Vila Clotilde (Vila Alice). Depois de Zenú nascer, a mesma transferiu-se para o Bairro Popular (Rua Porto Alexandre), em casa da mãe, onde o pequeno viveu os primeiros anos. Mais tarde, já crescidinho, Zenú e a mãe se mudaram para os arredores do Bairro Alvalade (Rua Comandante Stoner).
No inicio da década de noventa foi estudar na Suécia acompanhando a mãe, que havia sido transferida para aquele país como diplomata (Secretária para os assuntos económicos da embaixada angolana). Antes, Zenú fez o ensino de base na escola Ngola Kanine em Luanda, frequentou a sétima classe (ano lectivo 89/90), na escola Juventude em Luta (sala 1, turma AR). Era visto como “um estudante muito calmo que estudava no meio dos outros sem distinção”, não obstante gozar da “imunidade” de ser levado de Mercedes e com dois militares (guarda-costas).
Poucos anos depois foi estudar na Inglaterra onde se graduou com um BE em engenharia electrónica e eléctrica. Na altura a mãe estava colocada neste país como primeira secretária/assuntos económicos da embaixada. Enquanto estudante, Zenú ia a Luanda de férias e nesta altura conheceu uma jovem estudante do PUNIV, Maíra Fernandes de quem passa a pretender. De inicio, a jovem não queria nada. A mesma tinha o antecedente de nunca ter tido um namorado. Mas, logo após o “empurrão” de duas amigas, Maíra aceitou Zenú. No sentido de te-la por perto, Zenú dos Santos arranjou uma bolsa para a namorada pela SONANGOL e em 1997, a mesma seguiu para a Inglaterra. No regresso da missão estudantil, o casal contraiu matrimónio em 2004, em Luanda. (foi sua madrinha de casamento, uma tia, Stela Santiago, hoje vice-cônsul em Houston). Após o casamento passou a viver no Alvalade. Tem uma casa de praia no Benfica (usada para o final de semana e descanso). Recebeu recentemente uma casa no condomínio Cajueiro da Sonangol em Talatona. Tem também outra no Nova Vida.
Antes de se formar, Zenú denotava ter um apego especial pela música. A dada altura passou a freqüentar os estúdios do produtor musical, Beto Max onde aprendeu a tocar piano. Não foi a tempo de ser musico, mas, entretanto apoiou alguns talentos que se prenderam neste mundo dentre as quais Yola Araujo e outros nomes imprecisos.
Como profissional e na qualidade de antigo bolseiro da Sonangol, foi enquadrado na empresa passando a ser director-adjunto da empresa AAA, uma seguradora fundada pela petrolífera angolana. Era pouco visto no seu gabinete (primeiro andar do antigo edifício) e em meados de 2005 largou o emprego passando para o sector privado.
Formatou a sua própria “entourage”. Recuperou velhas amizades, com realce a Jorge amigo de infância que passou a ser o seu “braço direito”. Outro amigo favorito é Índio, filho de Aldemiro Vaz da Conceição com, Stella Santeago, irmã da mãe de Zenu. Juntou-se também a Mirco Martins, um jovem empresário formado em engenharia electrónica pela Universidade de Salford, em Manchester, e que passou a ser uma espécie de “irmão” seu desde os tempos da Inglaterra.(Viajam juntos, já foram em negócios para Suíça, China e etc). Mirco é enteado de Manuel Vicente. O “ mastermind” dos seus negócios é Jean-Claude de Morais Bastos, um cidadão originário de Cabinda com nacionalidade suíça. É através do mesmo que Zenú criou o seu próprio Banco, o “Quantum” recrutando para si, Ernst Welteke, ex-presidente do Banco Central da Alemanha que é o PCA do banco que criou em Angola. Foi Jean-Claude Bastos que levou José Filomeno dos Santos “Zenu” para fazer parte da “Afrikanische Innovations Stiftung” (Fundação para inovação de África), com sede na Suíça.
Passou a ter igualmente os chamados “ponta de lanças”. Os mesmos se estendem até as províncias. Em Benguela, localidade que muito se desloca com freqüência (de jacto privado), é apresentado como seu facilitador, Manuel Francisco, figura, que o ajuda(va) na aquisição de terrenos. A construção de uma nova refinaria no Lobito, inicialmente pela empresa chinesa Sinopec, que se retirou, faz de Zenú, a, eminência parda do projecto. (João de Matos também faz parte do projecto). O filho do PR é também conotado a uma empresa de construção em associação com a África Corporation, da China.
A área empresarial que mais preferência tem é o ramo da imobiliária. Justifica, em meios privados, que pretende ajudar a juventude. Tem o seu Gabinete de trabalho num edifício na Maianga. É descrito como uma pessoal “muito humilde e educada”. A dada altura disponibilizava o seu cartão de visita, a toda gente, até mesmo no pessoal do protocolo do aeroporto quando viajasse para o exterior. É por via desta facilidade que em Outubro de 2009, um grupo de quatro jovens (Mauro, Massoxe, Divaldo e Paulo), teve o seu contacto, e ligou-lhe para vender um terreno, em cacuaco cuja documentação era falsa. (Tratava-se de uma rede de burla que pretendia vender-lhe um terreno que por sinal era seu).
Zenú tem sido destinatário de projectos de jovens amigos que levam ate a si para apoiar. Na sua maioria rejeita aconselhando os seus interlocutores a apresentarem as propostas a uma instituição bancaria. A sua reacção é reflexo da postura de “muito direito”, conforme discrição ao seu redor. O mesmo passou a ser “muito mais” discreto. Recentemente, rejeitou conotações que o associavam a altos funcionários do Instituto de Estradas de Angola. Tem pedido aos seus próximos que não o citem com terceiros.
É muito cuidadoso na gestão da sua imagem; porta-se como um “cavalheiro”; quando vai a padaria comprar pão saúda as pessoas mesmo que não as conhece; é capaz de dar prioridade as senhoras. As pessoas que com ele se cruzam sobretudo os jovens acabam por ter a impressão de “figura simples” e “bastante educada” que nem parece ser “filho de quem é”.
Das suas participações empresarias consta, que o mesmo é sócio de uma companhia aérea, Air26, de uma rede de transportes Tura. Tem também aspiração aos negócios dos diamantes. Quando começou a se firmar nos negócios privados deslocou-se diversas vezes ao Ministério da Geologia e Minas, ao qual recebeu da direcção Nacional da geologia, autorização de concessão para exploração de minerais. É muito próximo ao PCA, da Endiama, Carlos Sumbula tido como “muito competente”.
José Filomeno dos Santos presta também trabalhos de assessoria numa área técnica da Presidência da Republica. É tratado pelas secretarias como “O engenheiro”. O novo aeroporto internacional, a ser construído na área de bom – Jesus esta agora sob sua alçada. Antes estava sob controlo do general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”.
A imprensa em Angola tem o apresentado como potencial sucessor do pai. Na verdade não lhe é notado objecção quanto ao assunto, (em meios familiares faz-se defesa a Fernando Dias dos Santos “Nandó”, sob alegação de que tem mais “punho” para por ordem no país). Há cerca de três anos, num jantar com amigos foi lhe indagado se aceitaria, tais propostas “presidencialistas”. O mesmo respondeu que “era patriota e que estará sempre ao serviço do país”.
Na altura foi visto a franquear a sede do MPLA, ao que deu azo de que estaria a se estrear na política. Em Agosto/Setembro de 2008, esteve num comício do partido no poder. Na véspera da preparação do ultimo congresso do MPLA, a media angolana noticiou constantemente que o mesmo iria ser elevado ao Comitê Central do partido. No sentido de esvaziar especulações, Zenú absteve-se do conclave, sobretudo como convidado como fez Isabel dos Santos e Sindika Dukolo. (Tchizé não participou devido ao seu estado de gravidez).
As ventilações que o associam como potencial candidato já começa a fazer “espécie” mesmo no circulo familiar de JES, devido ao tratamento/atenção “presidencial” que o PR ultimamente presta ao filho. A 25 de Fevereiro, realizou-se no salão da cidade alta, um casamento de uma sobrinha de JES, Jurema Santos e Zenú fez parte da mesa especial do pai, ladeado dos irmãos, Luis e Avelino dos Santos. Era o mais novo da mesa. Zenú era o único que tinha tratamento “presidencial”. (Pai e filho não consumiam a comida ali a disposição; o mantimento, inclusive o gelo para o refresco vinha do palácio presidencial, a 2 minutos de distancia do local da festa). Na hora de JES se retirar indo para os seus aposentos, Zenú retirou-se em simultâneo como se fosse um “Vice-PR”. Os guardas fizeram cobertura a ambos.
Constatações que alimentam as teses presidencialistas em torno do mesmo:
São lhe atribuído a frequência do curso de ciências políticas, a distancia, acrescida a uma formação de inteligência que terá feito em Israel.
Passou a fazer parte do núcleo restrito de conselheiros informais de JES. Em meios atentos, diz-se que passou a ocupar a “vaga” deixada por Desiderio Costa. Nas deslocações ao exterior, Desiderio Costa era uma espécie de tesoureiro, papel agora desempenhado por Zenú. Em Fevereiro, de 2009, JES foi à Alemanha, o mesmo não fez parte da viagem, mas um emissário seu, Ernst Welteke, esteve presente num fórum de negócios realizado em Berlim.
A sua inclusão nos negócios imobiliários é sob alegação de que pretende ajudar a juventude; cenário entendido como estando em “campanha” a longo prazo.
Foi-lhe dispensado um “espaço” na presidência, onde funciona como assessor de uma área técnica relacionada ao seu curso. Foram-lhe atribuídos dois dossiês, o do novo aeroporto e outro de referencia imprecisa. Já esta familiarizado com o circulo presidencial. Em finais do mês passado, necessitava de um expert para área da arquitectura e contactou um técnico da presidência para que lhe recomendassem um profissional no mercado.
O seu “adversário” ao cadeirão presidencial, Fernando da Piedade Dias dos Santos que mais perto esta na linha de sucessão é referenciado como estando sem poderes. Não tem orçamento próprio. Se desejar erguer uma escola ou hospital, na sua qualidade de Vice-PR, terá de solicitar por escrito a JES. A área social em que se diz responder faz contrapeso com Carlos Feijó e com uma Secretaria da presidência para a área social, Rosa Pacavira que faz intervenções de caracter nacional.
Fonte: Club-k.net
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Nos últimos três anos tem vindo a terreiro especulações segundo as quais o filho barão de Eduardo dos Santos estaria ser preparado para – ninguém arrisca quando – vir a suceder ao pai, a modos de uma monarquia.
Comenta-se ate que o jovem vem sendo adestrado em conhecimentos de inteligência – será uma fobia de PR? – economia e política para altos vôos.
Independentemente disso, num cenário no qual José Filomeno dos Santos “Zenu” viesse a suceder o pai, o MPLA viveria certamente convulsões fracturantes.
É que embora vem sendo recorrente e ate corriqueiro dizer-se que o partido é um eterno refém domesticado por Eduardo dos santos, uma solução familiar deste tipo pode nem sequer estar no horizonte do PR.”não acredito que isso passe pela cabeça do Presidente, ate porque ele consciência que no MPLA não aceitaríamos este tipo de sucessão”, confidenciou ao AGORA uma veterana figura referencial da “grande família”
Reafirma a nossa fonte que “independente do que se vem escrevendo nos jornais, a questão do “Zenu” nem sequer se vira a colocar porque, felizmente, ainda temos soluções dentro do Partido”.
Será mesmo que tem ou será apena Eduardo dos Santos vai ditar todas as regras de jogos?
AGORA
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30 de Novembro de 2010 – O Boletim África Monitor Intelligence observa que “Vem sendo também assinalada uma participação mais activa de um filho de JES, José Filomeno, “Zenu”, na gestão da Sonangol. É formalmente o representante da companhia na China Sonangol International Holdings, Ltd, sede em Hong Kong, cujo parceiro chinês é a CIF-China International Fund. É também sócio da Somoil.”
Segundo a publicação, José Eduardo dos Santos (JES) presta atenção cada vez mais constante aos assuntos petrolíferos, em geral, e da Sonangol, em particular. A companhia passou há pouco por uma reestruturação, da qual resultou uma repartição de poderes entre o PCA, Manuel Vicente e um novo administrador, Batista Sumbe, sob cuja alçada ficou a gestão da holding.
A concentração acrescida de JES na vida da Sonangol é facilitada por uma delegação de competências que reservava a si na condução dos assuntos de Estado; os novos ministros de Estado (AM 467), Carlos Feijó e M H Vieira Dias “Kopelipa” passaram a exercer tais competências – nos campos da política e da economia e da defesa e segurança, respectivamente.
2 . Além da indústria petrolífera a Sonangol tem interesses noutros sectores, telecomunicações, transporte aéreo, seguros, banca, através de subsidiárias ou parcerias. Tem também uma cadeia de joint ventures, produção/distribuição petrolífera, em vários países, nomeadamente Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, RD Congo, Rep Congo, Costa do Marfim e Argentina.
A presente expansão e diversificação das actividades da companhia representa uma inflexão relativamente a tendências anteriores no sentido de uma concentração no seu “core business”; recentemente foi anunciada a criação de uma nova subsidiária, Sonangol Imobiliária, para a qual foi transferida parte da carteira de obras a cargo do GRN-Gabinete de Reconstrução Nacional.
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