30.11.14
Homenagem a Carlos Drummond de Andrade
Se tento comunicar-me, o que há é apenas a noite e uma espantosa solidão. Assim escreveu Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e assim o penso, o sinto, muitas vezes eu.
Devo seguir até ao enjoo? Posso, sem armas, revoltar-me? perguntou o poeta mineiro, que um dia chegou a ler uns parcos versos meus, que lhe foram mostrados por um amigo comum, o Eduardo Chianca de Garcia. E com essas perguntas me identifico.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Que poderia ele; e que posso eu fazer?
Perdi os melhores amigos. Já não tento qualquer viagem. "Sinto que o tempo sobre mim abate sua mão pesada. (...) Uma aceitação maior de tudo, e o medo de novas descobertas".
Se eu pudesse recomeçar os meus dias! Usar de novo a minha adoração pelos deuses que tive. "Vejo tudo impossível e nítido".
E depois das memórias vem o tempo trazer novo sortimento de memórias, até que, fatigado, me recuso, como ele, e não saiba já se a vida é ou se de facto foi.
E agora, José? E agora, Carlos? E agora, eu?
Jorge Heitor 30 de Novembro de 2014
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