9.11.14
Atitude timorense perante Hércules
Díli, 16 jan 2013 (Lusa) - O chefe das Forças de Defesa de Timor-Leste, general Lere Anan Timur, disse hoje que o ex-'gangster' indonésio Hércules Rosário Marçal pode entrar no país, depois de na semana passada o ter ameaçado de prisão.
"Ele tem sangue timorense, mas é indonésio, e qualquer timorense ou estrangeiro, desde que cumpra as regras, pode vir a Timor-Leste", disse à agência Lusa o general Lere Anan Timur.
Hércules Rosário Marçal é natural de Ainaro, sul de Díli, e fez carreira em Jacarta, capital da Indonésia, como chefe de um grupo de crime organizado.
No início deste mês, o antigo 'gangster', que agora é contratado na Indonésia para organizar manifestações, deslocou-se a Timor-Leste, mas a visita irritou o general Lere Anan Timur, que o ameaçou prender se voltasse ao país.
Questionado pela Lusa sobre as razões que o levaram a mudar de opinião, o general Lere Anan Timur explicou que ficou "desagradado" por não ter recebido informações sobre a visita, mas insistiu que o ex-'gangster' pode visitar Timor-Leste.
"Ele deve contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste", afirmou, sublinhando, mais uma vez, que Hércules Rosário Marçal, apesar de ter nacionalidade indonésia, tem sangue timorense.
As anteriores afirmações de Lere Anan Timur provocaram a indignação de alguns deputados em Jacarta, que afirmaram que as pessoas só podem ser detidas caso tenham cometido algum crime.
O indonésio Hércules Rosário Marçal, que tem dominado nos últimos dias a imprensa em Timor-Leste, é um antigo gangster que operava em Jacarta, capital da Indonésia, e que agora se dedica a organizar manifestações naquela cidade.
Órfão de pai e mãe, que morreram durante bombardeamentos da Indonésia a Timor-Leste em 1978, Hércules Rosário Marçal torno-se membro das forças especiais indonésias que travaram combates contra a resistência timorense à anexação do antigo território português.
Segundo a imprensa indonésia, entre os anos 80 e 90 ficou conhecido em Jacarta por liderar um grupo de crime organizado, dedicado à cobrança de dívidas e de "taxas de segurança" às casas de jogo ilegais.
Depois de se ter arrependido dos crimes praticados, o nome de Hércules, como é conhecido em Jacarta, voltou a surgir como líder do Movimento Novo Povo da Indonésia, que apoia Prabowo Subianto, um aspirante à presidência da Indonésia, que comandou as forças especiais indonésias em Timor-Leste.
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