27.11.14

Portugal: As promessas por cumprir

Começamos um novo ano, com alguns 850.000 desempregados, mais do dobro do que eram há oito anos; com centenas de milhares de pessoas a ganhar menos de 500 euros mensais, largas centenas de sem-abrigo, cegos a pedir no metropolitano, romenos e búlgaros andrajosos a pedir pelas ruas... Este é o retrato do Portugal que temos, com seis ou sete milhões de cidadãos a auferir muito pouco e talvez três milhões a viver razoavelmente bem, com salários acima dos 1.980 euros, boas residências, carro, férias no estrangeiro. Quer dizer: 27 por cento da população portuguesa será possivelmente rica ou remediada; mais de 60 por cento é decerto pobre, andando a pastar gado, a lavrar um pouco de terra ou a receber salários que são uma lástima. Enquanto houver portugueses com menos de 500 euros de rendimento mensal, portugueses sem um bom sistema de saúde, reformas inferiores a 450 euros, a nossa consciência não se pode sentir tranquila. Dirão alguns que progredimos bastante de há 40 anos para cá. É possível; pelo menos em alguns aspectos. Mas isso não chega. É preciso muito e muito mais, para cumprir os desígnios de todos aqueles que ao entrar 1974 sonhavam com um mundo melhor, mais justo, e julgavam ingenuamente que isso seria possível quando desaparecesse a governação de um só partido. Só que, o problema não era apenas um determinado sistema político; mas sim muitos milhares de homens que são injustos e não se preocupam devidamente com o seu semelhante, desde que eles e as famílias estejam bem. As esperanças da Primavera Marcelista e do Abril de 74 não foram integralmente concretizadas. Muita coisa continua por corrigir. Jorge Heitor 29 de Dezembro de 2013 no Blog Comunidades.Net

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