Bissau: a maldição dos recursos naturais

A Guiné-Bissau prepara-se para a exploração dos seus recursos minerais, bauxite, fosfato e petróleo, este último que se encontra ainda na fase de prospecção e com grandes esperanças quanto a sua existência, de acordo com as informações avançadas pela Agência da Gestão comum do petróleo entre a Guiné-Bissau e Senegal nas zonas fronteiriças. Conforme os dados avançados pelos técnicos, as reservas do fosfato de Farim que se encontram na fase da prospecção, são estimadas em milhares de toneladas podendo ser exploradas durante mais de 40 anos. Enquanto isso, a bauxite em Madina de Boe também dispõe de uma reserva avaliada igualmente em milhares de toneladas. Sabe-se ainda que o país não assinou e nem ratificou as convenções sobre o petróleo, apesar da vontade política manifestada pelo executivo. Este cenário induziu a GAZETA DE NOTÍCIAS a abordar alguns especialistas com o intuito de apurar os seus respectivos pontos de vista sobre a exploração desses minerais, como também, obter resposta à maior questão levantada no país – Exploração dos Recursos minerais na Guiné-Bissau será uma bênção ou Maldição? JÚLIO MAMADU BALDÉ, SECRETÁRIO-GERAL DA AGÊNCIA DE GESTÃO COMUM Júlio Mamadu Baldé, secretário-geral da Agência de Gestão Comum, instituição sedeada em Dakar, começou por dizer que a iniciativa do executivo guineense em realizar a conferência sobre indústrias extractivas é “bastante boa”, dado que permitiu chegar à conclusão de que todos estão motivados por um objectivo comum que é “o desenvolvimento da Guiné-Bissau.” Baldé assegurou ainda que “independentemente de tentar criar as riquezas de um , para promover o desenvolvimento do país, também deve-se pensar em preservar o meio natural de forma a garantir que haja sustentabilidade e um equilíbrio em matéria de desenvolvimento da Guiné-Bissau”, acrescentando que “pode-se aproveitar os recursos minerais para desenvolver o país sem estragar o património natural.” Enfatizou mais a frente que “o estudo de impacto ambiental para a exploração de qualquer recurso mineiros é muito importante.” “Estudos de impacto ambiental, é um meio que nos permite, efectivamente, actuar de uma maneira muito cuidadosa e com toda minuciosidade de forma a permitir que o projecto tenha sucesso sem que haja estragos ambientais que possam influenciar também no desenvolvimento do projecto. O projecto de um lado é para servir as populações e se houver um qualquer desequilíbrio negativo, em termos ambientais, afectará não só as populações e como também o desenrolar de qualquer projecto”, precisou. O Secretário-geral da Agência de Gestão Comum realçou ainda que “é extremamente importante que as autoridades nacionais ratifiquem os acordos da convenção no domínio da organização marítima internacional” caso contrário, a Guiné-Bissau em caso de acidente dos cargueiros de petróleo que passam pelos mares guineenses, o país não terá os instrumentos jurídicos fundamentais de base que permitem as autoridades reclamar qualquer prejuízo de ordem natural e que poderá devir de movimentos dos petroleiros constantemente na costa atlântica do país. Publicado pela Gazeta de Notícias em Abril 2010