Bissau: um homem do Banco Mundial

O economista Paulo Gomes, que já foi director do Departamento África do Banco Mundial, é o nome mais falado nos vários sectores da sociedade guineense, incluindo meios militares, para chefiar o governo de transição na Guiné-Bissau (isto foi escrito em 2003, note-se). Todas as fontes contactadas há mais de oito anos pela Agência Lusa em Bissau não esconderam a preferência por Paulo Gomes, um destacado economista, cuja carreira naquela instituição financeira internacional tem sido fulgurante. Confrontada com esta eventualidade, pois o nome de Paulo Gomes circula insistentemente em Bissau, a maioria dos partidos políticos e dos representantes da sociedade civil e até da Igreja defende que seria uma "boa solução" para a Guiné-Bissau. Nalguns casos, como na própria Comissão Ad-Hoc - liderada pelo bispo de Bissau, D. José Camnaté Na Bissign, para criar o programa de transição do país -, a resposta à questão surge naturalmente com o tradicional "não se confirma nem se desmente". Já entre os partidos políticos, Paulo Gomes é assumido como a personalidade "ideal" para chefiar o executivo, por se tratar sobretudo de um dos mais prestigiados e referenciados quadros da Guiné-Bissau, que tirou o mestrado em Economia nos Estados Unidos através de uma bolsa de estudo atribuída pelo governo sueco. A mesma opinião têm representantes da sociedade civil que, contactados pela Lusa, admitem que o nome de Paulo Gomes está incluído numa lista de possíveis chefes do executivo. No entanto, ninguém avança com os nomes dessa lista, embora já se saiba que inclui Carlos Lopes, sociólogo e economista, chefe da delegação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Brasília e responsável máximo da ONU no Brasil. Paulo Gomes, de etnia manjaca, minoritária na Guiné-Bissau e que se concentra sobretudo na região de Cacheu (centro/norte), foi um dos fundadores, na altura da abertura política da Guiné-Bissau ao multipartidarismo, em 1991, do Partido da Convergência Democrática (PCD), de Vítor Mandinga. No entanto, abandonou o partido devido a divergências internas ainda antes da realização das primeiras eleições pluralistas da História da Guiné-Bissau, realizadas em Julho de 1994. Fez estudos universitários em França e, entre 1997 e 1998, foi conselheiro do então ministro das Finanças guineense Issufo Sanhá, cargo que abandonaria antes do conflito militar iniciado a 07 de Junho de 1998, para seguir para os Estados Unidos, onde tirou o mestrado em Economia. Depois de se tornar mestre, foi contratado no início desta década como consultor do Banco Mundial. NOTÍCIAS LUSÓFONAS Setembro 2003 (ligeiramente adaptado, na altura em que se volta a falar da hipótese de Paulo Gomes para chefiar um Governo de transição)