23.5.12

Bissau: o grande porto de Buba

Construir um porto de águas profundas e uma via rodoviária e extrair bauxite na Guiné-Bissau são os engajamentos assumidos em 2010 pelo governo angolano num projecto inaugurado oficialmente pelo Chefe de Estado guineense. Dentro de aproximadamente três anos (o que apontava para finais de 2013), a Guiné-Bissau vai dispôr do maior porto da sua história, no braço do mar que banha a cidade de Buba, no Sul do país, com 18 metros de profundidade e capacidade para receber, em simultâneo, três navios de porte até 70 mil toneladas cada (ao contrário do porto da capital, Bissau, com apenas capacidade para navios de dez mil toneladas). A construção do porto de Buba faz parte de um grande projecto de exploração do minério de bauxite na região Leste do país (Boé), sendo o seu escoamento a ser efectuado através de uma via rodoviária que ligará Buba-Minhíme, a ser construída em duas etapas de 18 e 12 meses consecutivos. Após duas dezenas de anos de expectativas nulas de financiamentos de organismos internacionais, devido à instabilidade permanente da governação do país e à falta de confiança por parte dos parceiros externos, a concretização desta gigantesca obra vai ser, finalmente, possível graças ao envolvimento directo do Estado angolano no seu financiamento, com a comparticipação das autoridades da Guiné-Bissau. A empresa Bauxite Angola é a entidade a quem foram concedidos, desde Setembro de 2007, os direitos de prospecção, exploração e de processamento do minério antes da sua exportação, num prazo de 25 anos renováveis, sob a supervisão do Ministério dos Recursos Naturais e Ambiente guineense. Empresa considerada pioneira em Angola na prospecção e extracção deste mineral, a Bauxite Angola foi estabelecida por uma pasceria de capitais públicos e privados angolanos e estrangeiros. A coordenação da execução das obras do sub-sector portuário estará a cargo de uma empresa brasileira, a Aprebras, enquanto as obras da estrada de escoamento do produto, desde Munhime a Buba, serão executadas pela Arezlci, uma firma libanesa fixada na Guiné-Bissau desde há uma década. Na sua trajectória, a estrada atravessará partes das regiões do Sul (Quinara e Tombali) até ao Leste (no Boé). Durante a cerimónia do lançamento oficial da primeira pedra das obras, foi destacada, das palavras do Chefe de Estado Nino Vieira, a particularidade de o financiamento ter vindo de urna iniciativa de solidariedade por parte de Angola, "país irmão de história e de sangue", com a participação de empresas brasileira e guineense, numa clara alusão aos imperativos de novas apostas na valorização, reforço e consolidação da cooperação entre os países do Sul. Por outro lado, o projecto é apresentado como uma oportunidade para uma maior integração nacional, devido a dinamização da produção e circulação de mercadorias comerciais entre as populações de diferentes do leste e sul do pais e, por outro lado, para a integração sub-regional africana, devido ao favorecimento do escoamento de produtos a partir das regiões dos países vizinhos encravados em zonas de difícil acesso ao mar (o Mali e as zonas noroeste da vizinha Guiné-Conacri). Segundo Bernardo Campos, presidente do Conselho de Administração da Bauxite Angola, o posicionamento geográfico favorável da via rodoviária a partir de Boé e do futuro porto de águas profundas está na base do interesse manifestado pelas autoridades da vizinha Guiné-Conacri em activar o plano outrora congelado de exploração do minério de bauxite na região mais próxima e seu escoamento para o estrangeiro através de Buba. Um sinal considerado de reforço de confiança para a empresa angolana é o facto de ter já sido apontada também como a possível executora das operações de extracção deste minério no país vizinho. Em documentos da Bauxite Angola pode-se ler que no domínio ambiental a empresa vai actuar na impermeabilização das bacias de decantação nas áreas mineiras, reposição de solos, reflorestamento, controlo e defesa da fauna local e na sensibilização da população quanto à necessidade de protecção do meio ambiente. Com sede em Luanda, a empresa emprega cerca de meia centena de trabalhadores.

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