23.5.12

Bissau: a rebelião de Ansumane Mané

7 de Junho de 1998 - O brigadeiro Ansumane Mané, um mandinga afastado de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, reage às tentativas que são feitas para o desarmar e entra em rebelião aberta contra o Presidente da República, o papel João Bernardo Vieira (Nino). 8 de Junho - O confronto entre os revoltosos e os fiéis a Nino Vieira já se saldava ao fim do segundo dia em dezenas de mortos, havendo a convicção de que os dois campos se encontravam com forças equiparáveis. 9 de Junho — Largas centenas de soldados do Senegal e da República da Guiné (Conacri) entram em Bissau, a fim de ajudarem Nino Vieira a dominar a revolta, que aparentemente seria muito mais grave do que nas primeiras 24 horas se tinha acreditado. 11 de Junho — O cargueiro português “Ponta de Sagres” retira de Bissau mais de 2.000 cidadãos de numerosas nacionalidades. O mundo compreendia finalmente que estava perante uma guerra, devido às divergências desde há muito existentes no interior do PAIGC. 13 de Junho — Nino Vieira e os seus amigos senegaleses anunciaram que a rebelião estava a ficar sob controlo, mediante a ocupação dos quartéis de Brá, nos subúrbios da capital. Mas isso não se confirmou. 14 de Junho — Tanto a Gâmbia como a Líbia manifestaram a intenção de servir de medianeiras no conflito guineense, que também tinha a ver com o apoio que muita gente na Guiné-Bissau desde sempre dera aos separatistas da província senegalesa de Casamansa, irritando assim as autoridades de Dacar. 15 de Junho — O Centro de Medicina Tropical de Bissau, pago pela cooperação portuguesa, foi destruído pelos combates. A França enviou tropas para a protecção do seu embaixador. 16 de Junho — Pela segunda vez foi anunciado que os rebeldes estavam a perder posições na área de Brá; mas a verdade é que eles continuaram activos entre essa zona e o aeroporto internacional de Bissalanca, a uma dezena de quilómetros da capital. 18 de Junho — O Senegal, com alguns milhares de homens distribuídos entre a fronteira de Casamansa e a área de Bissau, na "Operação Gabú", pretendia fazer crer que estava a ganhar a guerra contra os militares guineenses revoltados contra Nino Vieira. 22 de Junho — A imprensa europeia começou a compreender que a rebelião mobilizara grande parte dos militares guineenses, muitos deles balantas, deixando o Presidente quase que exclusivamente dependente do apoio do Senegal, que tinha pretensões de ser uma potência regional, com influência desde a Mauritânia às margens do rio Gêba.

Nenhum comentário: