31.5.12

Bissau: uma visão sombria

Numa iniciativa conjunta da Sociedade de Geografia e da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, o antigo embaixador Francisco Henriques da Silva apresentou hoje em Lisboa, durante uma palestra de 40 minutos, uma visão sombria da Guiné-Bissau como Estado falhado ou o primeiro narco-estado da História. O poder militar é totalmente autónomo, naquele país onde ao longo de 38 anos se verificaram 10 golpes de estado ou tentativas dos mesmos, destacou o diplomata e historiador, que na Guiné esteve tanto como oficial do Exército como como representante de Portugal (de 1997 a 1999). Não existe ali uma verdadeira estrutura administrativa, proliferam as redes criminosas, a pobreza é endémica e o analfabetismo grande, observou Francisco H. da Silva, de 67 anos, que pormenorizou a existência de 30 etnias para um espaço de apenas 36.000 quilómetros quadrados, onde a islamização está a crescer. Os acontecimentos de Abril último confirmaram a ingovernabilidade da Guiné-Bissau, disse o orador, que referiu tratar-se de um dos países mais pobres do mundo e onde o tribalismo tem muita força. "A Unidade Cabo Verde-Guiné foi um mito que se desfez como um baralho de cartas", considerou Francisco H. da Silva, perante meia centena de pessoas, entre as quais oficiais das Forças Armadas e diplomatas, como Leonardo Mathias. "Assiste-se à violação dos direitos humanos por todos os lados. Isto veio para ficar", prosseguiu o antigo embaixador em Bissau, numa "visão muito, muito sombria" dos acontecimentos. À disposição de todos os participantes na sessão, no salão nobre do Palácio da Independência, esteve uma cronologia dos factos e acontecimentos políticos mais marcantes dos últimos 49 anos da História guineense, desde a chamada luta de libertação nacional travada de 1963 a 1974.

Nenhum comentário: