O investidor alemão Peter Sommer, responsável pela West Africa Mining Holding AG, disse-me, faz hoje precisamente dois anos (e reproduziu-o no PÚBLICO, que as prospecções da sua empresa “podem dar à Guiné-Bissau uma situação social e política estável”.
Colocado perante a pergunta sobre se não receava investir num país tão conturbado, Sommer respondeu: “Não tenho medo. Há muitas questões, mas creio que se trata de problemas pessoais do passado e da história da Guiné-Bissau”.
No meio de toda a crise político-militar de há dois anos, surgiu a notícia de que a West Africa Mining, com sede na Suíça, anunciara terem resultado positivas as suas prospecções de ouro no Norte do país, com o qual estabelecera uma parceria em Junho de 2009.
A licença que o Governo de Carlos Gomes Júnior concedeu ao grupo, seu parceiro no projecto Westafrica Mineral Mining Ltd, "cobre a exploração de todos os recursos minerais do país", excepção feita às áreas que anteriormente já tinham sido concessionadas a terceiros.
A investigação aurífera decorreu em 46 áreas com anomalias geofísicas. As análises das amostras "revelaram ser consistentemente positivas, quanto à sua proporção de ouro", afirma-se num comunicado distribuído pela holding do cantão de Zug, na Suíça de língua alemã. Dados os resultados prometedores, foi decidido "apressar o processo”.
Interrogado sobre se não temia este investimento num Estado onde tinham assassinado o Presidente João Bernardo Nino Vieira, Peter Sommer foi categórico: “Nós ajudamos a Guiné-Bissau, o que é completamente diferente (dos problemas que ela tem tido). E quando conseguirmos fazer dinheiro, no futuro, O.K., será bom”.
Para além do ouro, o projecto que a empresa da Suíça tem com o Governo do PAIGC inclui a bauxite, o lítio, o irídio, os diamantes e quartzos de grande valor.
De acordo com um texto do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior distribuído pelo grupo de investidores, a Guiné-Bissau tem as melhores condições para aceitar investimentos e continuará a reafirmá-las, “de modo a dar a garantia de um bom nível de lucros e uma transferência dos mesmos sem obstáculos”.
Ainda segundo essa mensagem, que os acontecimentos mais recentes poderão colocar em dúvida, “a Guiné-Bissau é um Estado democrático que promove e defende os princípios constitucionais. As instituições estão a ficar cada vez mais fortes...”.
“Não sei qual é o problema de fundo entre os militares e os políticos, mas espero que as coisas se acalmem para que o Governo possa continuar o trabalho que estava a fazer”, disse entretanto Peter Sommer à Lusa, em Dacar, à margem de um Salão Internacional de Minérios. Destacou ter ficado com a sensação de que a equipa de Carlos Gomes Júnior “está a trabalhar bem”.
“A companhia espera começar de facto com a exploração do ouro na Guiné-Bissau dentro de dois anos, concretamente na zona leste do país, na localidade de Pirada. Já se fez uma primeira etapa de prospeçção e as amostras verificadas em laboratórios especializados na Europa confirmaram que existem fortes indícios de ouro naquela zona”, acrescentou Peter Sommer.
Numa assembleia geral realizada há dois anos, a administração da West Africa Mining Holding AG passou a integrar, para além de Sommer e de Swen Lorenz, o antigo futebolista internacional português Luís Figo, que ficou com 11 por cento das acções. J.H.
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