O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Indjai, apresentou no fim do ano de 2011 armas e prisioneiros que considerou serem “provas de uma tentativa de golpe de Estado”.
“Até aqui não estava preocupado. Mas vendo as armas que eles tinham escondido, fiquei preocupado; porque se tivessem conseguido o que pretendiam, o país hoje estava a ferro e fogo”, disse o general António Indjai.
Na mesma ocasião foram apresentados dois prisioneiros, o sargento José Babtista Sambé, da Marinha, e o soldado António Mário Cabral, em cujas casas se encontravam escondidas as armas apreendidas.
Foram igualmente apresentados à imprensa 25 militares detidos por presumível implicação na tentativa de golpe de Estado verificada na última semana do ano, incluindo o Chefe de Estado-Maior da Armada, José Américo Bubo Na Tchuto.
Isto demonstra que nos últimos 13 anos não se conseguiram resolver os problemas de uma sociedade que tem vivido sob forte tutela militar. E que em 1998/1999 andou em guerra civil.
Quantos anos irá demorar ainda a transição para uma verdadeira democracia, em terras da Guiné-Bissau?
Hoje, tal como em 1999, aquele país africano continua numa grande encruzilhada, com luta entre diferentes facções do PAIGC e das Forças Armadas. E com luta entre o PAIGC e os demais partidos.
Nas últimas quatro décadas verificou-se muitas vezes na África abuso do poder e incapacidade de governar, tanto na Guiné-Bissau como em outros países.
Foram sendo progressivamente minados ao longo dos anos os valores criados ou pelo menos proclamados durante a luta armada que se travou em solo guineense de 1963 a 1974, sob a coordenação de homens como Amílcar e Luís Cabral, Aristides Pereira e Pedro Pires.
Ninguém consegue garantir que antigos guerrilheiros que andaram nessa luta e hoje têm 58, 60, 61 anos deixem de interferir na vida política do jovem país.
Nem Nino Vieira nem Kumba Ialá nem Malam Bacai Sanhá nem Carlos Gomes Júnior foram capazes de desmantelar as estruturas da segurança do Estado, que têm vindo a minar por completo a sociedade guineense, seguindo-lhe atentamente todos os passos.
Trinta e oito anos depois de Portugal ter sido forçado a reconhecer que perdera a guerra que travara contra a independência da Guiné-Bissau, esta ainda não se conseguiu dotar de instituições democráticas que na verdade funcionem.
A corrupção e o narcotráfico são hoje em dia um obstáculo ao triunfo da democracia na terra dos balantas, dos fulas e dos mandingas. JH
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