Eram terríveis os riscos que o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, presidente do PAIGC, assumia no seu regresso a Bissau, após um mês e meio de ausência no exterior, a ver se a situação acalmava, depois dos acontecimentos de 1 de Abril de 2010, que comprometeram o normal funcionamento das instituições.
Disse eu na altura, em comentário feito na Voz da América, que eram muitos os riscos porque Cadogo Júnior tinha contra si os chefes efectivos das Forças Armadas, o Partido da Renovação Social, de Kumba Ialá, e até mesmo franjas do seu próprio partido.
Carlos Gomes é um político extremamente fragilizado desde que o general António Indjai o prendeu durante algumas horas e o ameaçou de morte, no dia 1 de Abril de 2010, perante a complacência do almirante Bubo Na Tchuto, que acabara de sair do seu refúgio nas instalações das Nações Unidas.
Os países africanos não são conhecidos por uma fácil coabitação entre os presidentes e os primeiros-ministros; e é isto o que de há muito está a acontecer na Guiné-Bissau. Só à superfície é que o Presidente Malam Bacai Sanhá se dava bem com Carlos Gomes Júnior, enquanto por trás dava a entender que ele poderia ser muito bem um dos responsáveis pela morte, em 2009, do general Tagme Na Waie e do Presidente Nino Vieira.
A intervenção militar de 1 de Abril de há dois anos foi feita contra o Primeiro-Ministro e contra o seu aliado o contra-almirante Zamora Induta, que depois ficou detido no quartel de Mansoa, às mãos de oficiais que se encontram há décadas nas fileiras e que não têm vontade nenhuma de se retirar.
Indjai, Na Tchuto e outros como eles têm vindo a ser o poder de facto na República da Guiné-Bissau, um país onde justiça tem sido desde há muito uma palavra vã.
Os acontecimentos dos últimos anos mais não fizeram do que relegar o país onde nasceu Amílcar Cabral para um degrau ainda mais baixo na escala do desenvolvimento humano. Um fosso de onde só muito dificilmente conseguirá sair nos próximos tempos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário