Enviar esta semana para os mares da Guiné-Bissau a "Vasco da Gama" e a "Bérrio", dois nomes de grande simbologia, poderia ter-se prestado a equívocos, depois de a CPLP ter levantado a hipótese de uma "força de interposição".
Claro que o Governo já esclareceu em Lisboa que se trata apenas de estar alerta para a possível retirada de portugueses, que aliás não parecem estar muito interessados em deixar em Bissau; mas não deixou de criar pânico entre as populações, que se julgaram na perspectiva de assistir ao desembarque de algumas centenas de militares portugueses. As fronteiras marítimas guineenses foram de imediato fechadas e o espaço aéreo encerrado.
A "Vasco da Gama", a "Bérrio", uma terceira embarcação e um avião P3, num total de 430 homens, partiram de Lisboa para os lados da Guiné e de Cabo Verde, como se o tempo tivesse regressado 38 anos para trás, ao antes do 25 de Abril.
Operações humanitárias, sim, mas sempre com muito cuidado, para não se prestarem a equívocos.
Aliás, a expressão "força de interposição" já gerara polémica, tendo o general Loureiro dos Santos notado que só poderia haver interposição se existissem claramente duas forças em confronto, no terreno, o que parece que não era propriamente o caso.
De um lado estavam os militares guineenses amotinados e do outro o Presidente da República interino e o primeiro-ministro que tendia a ser Presidente. Não eram propriamente dois exércitos, dois grupos militares frente a frente.
O contingente angolano, note-se, manteve-se mudo e quedo durante os acontecimentos destes últimos cinco dias, depois de o Estado-Maior guineense o haver informado de que não o queria mais por lá.
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