A Guiné-Bissau dá, desde há muito, a imagem de um país mergulhado na anarquia, mais ou menos sem rei nem roque. Ou pelo menos sem um Presidente saudável, um Governo decente e tribunais que funcionem.
O narcotráfico tem vindo a ser, ao longo dos anos, um modo de vida de muitos militares e outras pessoas, enquanto continua por executar um programa de reforma da Defesa e da Segurança, programa esse tantas vezes falado e nunca concretizado.
De vez em quando, algumas aeronaves aterram em campos espalhados pelo pequeno país e embarcações aproximam-se das ilhas Bijagós, para descarregar droga sul-americana, sob a vista grossa das autoridades.
O almirante Bubo Na Tchuto e o general António Indjai digladiam-se, procuram anular-se mutuamente, perante um primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior permanentemente encurralado; perante uma Justiça que não há.
Das Bijagós às terras nigerianas, os narcotraficantes latino-americanos têm circulado impunemente nos últimos nove anos, a troco de umas migalhas que vão dando a militares e a funcionários públicos mal pagos, que vendem a alma ao Diabo para sustentar as famílias e, se possível, para se enriquecerem.
Pessoas sem escrúpulos fazem o trajecto da Venezuela e da Colômbia para a Europa via África Ocidental, uma região do globo que por outro lado é cobiçada pelo expansionismo islamista, que do Mali e do Níger tenta chegar atér aos Camarões.
É perante este pano de fundo que de vez em quando se disparam tiros na Guiné-Bissau, se mata um Presidente, se detém um primeiro-ministro, se prende ou assassina um Chefe do Estado-Maior, etc. etc.
O país que Amílcar e Luís Cabral desejaram tornar independente, e que em 1973 se proclamou unilateralmente como tal, é tudo menos independente e justo. Nesta última dúzia de anos, pelo menos, tem sido uma autêntica tragédia, uma anarquia.
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